Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









domingo, 1 de dezembro de 2013

VIRGINIA TAMANINI



 VIRGINIA TAMANINI
(1897 - 1990)
 
 
Virginia Gasparini Tamanini,  nasceu na fazenda Boa Vista, no Vale do Canaã, município de Santa Teresa, no Estado do Espírito Santo. Seus pais, Epifânio Gasparini e Catarina Tamanini Gasparini, ambos italianos que vieram como imigrantes para o Brasil.
Criada em fazenda, aprendeu as primeiras letras e adquiriu alguns conhecimentos equivalentes ao ensino elementar da época com professores particulares. Mais tarde, prosseguiu seus estudos no Rio de Janeiro, sob orientação de seu irmão Américo que cursava a Faculdade Nacional de Direito, sendo que, ao final do segundo ano, interrompeu os estudos por motivo de força maior, regressando à casa paterna.
Autodidata persistente, Virginia continuou nos seus esforços para instruir-se, dedicando todos os momentos de lazer ao estudo e à leitura. Desde cedo revelou inclinação para letras e, ainda jovem, escreveu um romance folhetim "Amor sem Mácula" , publicado em capítulos semanais no jornal "O Comércio", de Santa Leopoldina, usando o pseudônimo de "Walkiria".




Virginia produziu em 1929, 1930 e 1931, as peças teatrais "Amor de Mãe", "Filhos do Brasil", "O Primeiro Amor" e "Onde está Jacinto?", levadas à cena com sucesso.
Membro da Academia Espírito-Santense, tomando parte ativa na organização da "Primeira Quinzena de Arte Capixaba", realizada em Vitória, em 1947. Adaptou, encenou e dirigiu no, Teatro Carlos Gomes, a peça francesa "Cristina da Suécia", em 1947 e, em 1948, outra peça francesa "Atala", a última druidesa das Gálias.
Escritora, romancista e poetisa, pertenceu à Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, como patrona da cadeira nº 3, Associação Espírito-Santense de Imprensa, e sócia correspondente da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul.
Recebeu o título de Cidadã Honorária de várias cidades capixabas e uma rua em Ibiraçu, recebeu seu nome.
Virginia Tamanini foi agraciada com a Ordem do Mérito Marechal José Pessoa, no Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, no grau de Comendador.
Aos 89 anos de idade, ocupou a Cadeira nº 15 da Academia Espírito-Santense de Letras, cujo patrono é José Colantino do Couto Barroso.
Virginia G. Tomanini veio a falecer em Vitótia no ano de 1990.
 



 DIA VIRÁ

 
Meu filho:
 
Quando um dia procurares
e não me vires mais,
quando a certeza de minha morte
entrar em tua alma
e fizer teu coração doer,
dá-me teu pranto
que através dele estarei contigo.
Nas lágrimas que chorares,
chorarei;
porque minha dor,
a dor de minha voz não ser ouvida,
a dor de não poder te consolar
será tão grande,
tão esmagadora,
tão penetrante e forte,
que ao sentir-me afastada
do caminho de tua vida,
hei de morrer de novo
após a morte !
 

 

EU VIM ME DESPEDIR
 


Daqui olhando o espaço e a costa em fora,
É tão maravilhoso o que diviso,
Que creio ser assim o Paraíso,
Nem posso de outra forma o imaginar !
 
Por isso penso que Nossa Senhora,
Fugindo ao sopé, quis de improviso
Aparecer aqui, deixando aviso
Da sua escolha para vir morar.
 
Sobre esta penha, sinto o pensamento
Arrebatado pela voz do vento, 
E meus sentidos já não são mais meus.
 
Ao pé da rocha, se distende o mar...
Meus olhos descem para contemplar,
Minha alma sobe para estar com Deus.
 


 Eliana (Shir) Ellinger
 

Fonte de Pesquisa:
 

YONÁ WALLACH


YONÁ WALLACH
(1944 - 1985)

Yona Wallach foi uma poetisa israelense, orgulhosa de sua bisexualidade, que surpreende seus leitores com expressões ousadas sexualidade e de espiritualidade misturadas. Também contava com a psicologia junguiana no seu trabalho. Escreveu letras para bandas de rock israelense que estão em seu livro Island Songs em 1969. Em seu poema, Yonatan, ela interpreta a si mesma como um menino, Yonatan, que é decapitado por outros meninos que tem sede de sangue.
 Nasceu em Tel Aviv, em 1944. Ainda antes do Estado de Israel exisitr, enquanto aquela área era o Mandado Britânico da Palestina. Nessa Tel Aviv que, em sua autobiografia, Amos Oz cita existirem figuras modernas, que aos seus olhos de criança de Jerusalém, tinham algo de quase mótico.




Yona ainda não era uma dessas figuras, ela era um pouco mais nova que Oz (ele nasceu em 39, ela em 44)  mas cresceu nesse ambiente. Quiçá a visão de Oz fosse um tanto obliterada pela infância e pela vida um tanto estrita que levava em Jerusalém, mas ela certamente tornou-se uma dessas figuras modernas e transgressoras.
Yona Wallach era orgulhosamente bissexual e vivia sua sexualidade de modo bastante livre e de modo assumidamente político. É considerada uma das mais importantes feministas de Israel, ainda que algumas de suas performances a aproximem mais do querer do que de qualquer outra coisa.
Um de seus mais importantes  e polêmicos  poemas é Tefillin, em que utiliza os filactórios utilizados pelos judeus mais ortodoxos ao realizar suas orações, como brinquedo sexual em uma relação sadomasoquista. Junto com os poemas foram publicadas uma série de fotos em que Yona estava junto a um modelo nú, que tinha apenas os filactérios atados aos braços. Ainda hoje tanto poema quanto fotos (que completaram 30 anos) causam polèmcia entre as comunidades judaicas mundo afora.
Yona Wallach morreu em 1989, aos 41 anos, vítima de câncer.


Tefilim 

Venha até mim.
Deixe-me fazer nada
Você faz por mim
Faça tudo por mim
Tudo o que eu começar a fazer
Você faz no meu lugar
Eu colocarei os tefillin eu rezarei
Você colocará os tefillin para mim
Ate-os aos meus braços
Brinque com eles dentro de mim
Passe-os delicadamente sobre meu corpo
Esfregue-os em mim
Me excite em todo lugar
Me faça desmaiar com sensações
Faça com que corram por meu clitóris
Amarre meus quadris com eles
Para que eu possa gozar rapidamente
Brinque com eles dentro de mim
Amarre minhas mãos e pernas
Faça coisas comigo
Contra a minha vontade
Me vire de bruços
Coloque os tefillin em minha boca como rédeas
Cavalgue-me como a uma água
Puxe minha cabeça pra trás
Até eu gritar de dor
E você ter prazer
Mais tarde eu os passarei sobre seu corpo
Com intenções bem claras
É, que rosto cruel eu vou ter
Eu os passarei devagar sobre seu corpo
Devagar devagar devagar
Ao redor de sua garganta eu os passarei
Eu vou enrolar uma das pontas ao redor da sua garganta algumas vezes
E amarrar a outra ponta a algo estável
Algo muito pesado que talvez gire
Eu puxarei e puxarei
Até o que seu último suspiro escape
Até que eu te estrangule
Completamente com os tefillin


Eliana (Shir)

Fontes de pesquisa:

sábado, 23 de novembro de 2013

ANTONIO OLINTO



ANTONIO OLINTO
(1919 - 2009)
 
 
Antonio Olinto, cujo nome completo é Antonio Olyntho Marques da Rocha, nasceu em Ubá, Minas Gerais,  filho de José Marques da Rocha e Áurea Lourdes Rocha.
É o quinto ocupante da Cadeira nº 8, eleito em 1997, na sucessão de Antonio Callado e recebido pelo acadêmico Geraldo França Lima.
Depois dos estudos primários na cidade natal, ingressou no Seminário Católico de Campos (RJ), onde concluiu o curso secundário. Prosseguiu os estudos no curso de Filosofia do Seminário Maior de Belo Horizonte (MG) e no Seminário Maior de São Paulo. Tendo desistido de ser padre, foi durante dez anos professor de Latim, Português, História da Literatura, Francês, Inglês e História da Civilização, em colégios do Rio de Janeiro. Publicou então seu primeiro livro de poesia, "Presença". Foi secretário do Grupo Malraux, tendo organizado a 1ª exposição de poesias, montada na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Juntamente com sua atividade de professor ingressou no setor publicitário e no jornalismo. Seu livro "Jornalismo e Literatura" foi adotado em cursos de jornalismo em todo o Brasil. Da mesma época é seu livro de ensaios o "Diário de André Gide".









 Foi crítico literário de O Globo e colaborou em jornais de todo o Brasil e Potrugal. Convidado pelo Governo da Suécia para as comemorações do Ciquentenário do Prêmio Nobel em 1950, fez então conferências na Universidade de Estocolmo e Uppsala. A convite do Departamento de Estado dos Estados Unidos, percorreu 36 estados norte-americanos fazendo conferências sobre cultura brasileira.
Poeta e ensaista, suas obras estão vinculadas, cronológicamente, à geração 45.
Na década de 50, teve publicado quatro volumes de poesia e dois de crítica literária.
Foi Adido Cultural em Lagos, Nigéria, Professor Visitante na Universidade de Columbia, em Nova York, fez conferências nas Universidades de Yale, Harvard, Oward, Indiana, Palo Alto, UCLA, Louisiana e Miami. Em 1968 foi nomeado Adido Cultural em Londres, tendo sido eleito, no início dos 90, para o cargo de Vice-Presidente Internacional.
Antonio Olinto, foi Membro do PEN Clube do Brasil e também do PEN Internacional, tendo sido eleito para o cargo de Vice-Presidente Internacional.
Dirigiu e apresentou os primeiros programas literários de televisão no Brasil na TV Tupi, e em seguida nas TVs Continental e Rio.
Em 1955, conheceu a escritora e jornalista Zora Seljan, com quem se casou. A partir de então, os dois trabalharam juntos em atividades culturais e literárias e foram eleitos para o Conselho Fiscal do Sindicatos dos Escritores, em 7 de maio de 1997. Zora Seljan faleceu no Rio de Janeiro em 2006.
 



Na Academia Brasileira de Letras, exerceu o cargo de diretor-tesoureiro nas gestões de 1988-99 e 2000, além de diretor da Comissão de Publicações. Recebeu o Prêmio Machado de Assis, em 1994, pelo conjunto de obras da Academia Brasileira de Letras, a mais alta láurea literária do Brasil. Em 2000, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, da Faculdade de Letras e do Conjunto Universitário de Ubá e o Diploma de Excelência da Universidade Vasile Goldis, de Arad (Romênia), pelo seu trabalho de difusão da cultura brasileira naquele país. Em 2003, inaugurou na Faculdade de Letras Ozanan Coelho de Ubá, uma biblioteca de 34 mil volumes que receberam seu nome. Em 2004, o Real Gabinete Português de Literatura do Rio de Janeiro outorgou-lhe o Título de Sócio Grande Benemérito.
Nos últimos anos de vida, proferiu conferências em seminários no Brasil e no exterior, participou das Jornadas de Lusofonia realizadas em Lisboa, Estocolmo, Gotemburgo, Lund e Copenhague.
Antonio Olinto faleceu em 2009, aos 90 anos, por falência múltipla de órgãos e foi sepultado no Mausoléu da ABL.
 
* Tive o grande prazer de conhece-lo em 1999, ocasião do "Concurso Novos Talentos", quando meu livro, "Pedaços de Mim", foi o vencedor. Nele, Antonio Olinto escreveu sua apreciação, apresentando meu estilo de escrever poesias.



 
 SONETO DE NATAL 
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
Machado de Assis


Mudaria o Natal ou mudo iria
Mudar sempre o menino o mundo em tudo?
Ou fui só quem mudei, e meu escudo
Novidadeiro, múltiplo, daria
Ao mudadiço mito da alegria
Em noite tão mutável jeito mudo?
O homem é mudador, muda de estudo,
De mucama, de verso, pouso, dia,
Porque a muda modula esse desnudo
Renascimento em palha, e molda e afia
O instrumento da troca, o fim miúdo,
A noite amena erguendo-se em poesia.
Mudei eu sempre sem saber que mudo
Ou somente o Natal me mudaria?

** ** **

INFÂNCIA

Um retrospecto
de que vale?
O menino soltava papagaio
no morro transformado em nova imagem,
tão nítida que vai além do retângulo,
termina no prelúdio de uma nuvem
e o grito batia longe
na tarde dos bambuais,
de que vale?
Sousa já era mas sorria,
tinha o fascínio dos começos,
a fixidez dos olhos sendo
nada e flor.
A voz que subia aflita
(só podia ser de mãe)
falava da noite próxima
e de bichos escondidos
pelo pasto,
no regato,
no caminho,
pela sombra deslizada de repente
de que vale?
Na descida tudo vinha
em gesto nem sempre visto
de papagaio vermelho,
papel de seda rasgado
na maciez do paiol.
Súbito
era noite e um cão latia
alto.


 Eliana (Shir)

Fontes de Pesquisa:
 

DOM PEDRO II


DOM PEDRO II
(1825 - 1891)
 
Segundo Imperador do Brasil, Dom Pedro II nasceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1825, e faleceu em 5 de dezembro de 1891, em Paris. Se nome completo era Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Habsburgo,
filho de Dom Pedro I e Dona Leopoldina de Áustria.
Após a abdicação de seu pai, assumiu o trono aos cinco anos de idade e, devido à impossibilidade de tal evento, o Brasil passou a ser administrado por uma Regência.
Dom Pedro II, recebeu uma educação excepcional de mestres e sábios de várias áreas do conhecimento, como idiomas, ciências naturais, filosofia, artes, matemática, dança, música, entre outras.
Casou-se com Teresa Cristina Maria de Bourbon, por procuração em Nápolis, em 30 de maio de 1843, e, pessoalmente, no Rio de Janeiro, em 4 de setembro de 1843. 
Dom Pedro II foi autor de diversos poemas, sonetos em sua maioria, reunidos em dois livros : "Poesias de Sua Magestade D. Pedro II"  (1889) e "Sonetos do Exílio" (1898). Era muito ligado ao Romantismo, aos escritores do Realismo e Naturalismo. Dom Pedro II é um dos mais equilibrados e filosóficos poetas brasileiros, provando-se verdadeiro herdeiro de D. Diniz, o Rei Trovador de Portugal. Usa metáforas e comparações meigas, vocábulos finos, sem elegância desnecessária, sempre compreensível.
Depois da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi prisioneiro no Paço da Cidade e encaminhado a sair do país em vinte e quatro horas. Deixando o Brasil, foi para Portugal com a família.
A Imperatriz faleceu no dia 29 de dezembro. Então, D. Pedro II foi viver na cidade de Cannes, depois Versalhes e Paris. Morreu aos 66 anos, após sofrer de pneumonia num hotel. Seus restos mortais retornaram ao Brasil somente em 1920.
 


À IMPERATRIZ

Corda que estala em harpa mal tangida,
Assim te vais, ó doce companheira
Da fortuna e do exilio, verdadeira
Metade de minha alma entristecida!

De augusto e velho tronco hastea partida
E transplantada à terra brasileira,
Lá te fizeste a sombra hospitaleira,
Em que todo infortunio achou guarida.

Feriu-te a ingratidao no seu delirio;
Caiste, e eu fico a sos, nestre abandono,
No teu sepulcro vacilante cirio!

Como foste feliz! Dorme o teu sono...
Mae do povo, acabou-se o teu martirio;
filha de reis, ganhaste um grande trono!
 
** ** **


À MORTE DO PRÍNCIPE D. PEDRO

Pode o artista pintar a imagem morta
Da mulher, por quem dera a própria vida.
À esposa que a ventura vê perdida
Casto e saudoso beijo inda conforta.

A imitar-lhe os exemplos nos exorta
O amigo na extrema despedida...
Mas dizer o que sente a alma partida
Do pai, a quem, oh Deus, tua espada corta.

A flor de seu futuro, o filho amado;
Quem o pode, Senhor, se mesmo o Teu
Só morrendo livrou-nos do pecado,

Se a terra à voz do Gólgota tremeu
E o sangue do Cordeiro Imaculado
Até o próprio céu enegreceu!
 
** ** **


TERRA DO BRASIL 

Espavorida agita-se a criança,
De noturnos fantasmas com receio,
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descansa.

Perdida é para mim toda a esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugilo de terra; e neste creio
Brando será meu sono e sem tardança...

Qual o infante a dormir em peito amigo,
Tristes sombras varrendo da memória,
ó doce Pátria, sonharei contigo!

E entre visões de paz, de luz, de glória,
Sereno aguardarei no meu jazigo
A justiça de Deus na voz da História!
 
** ** **


SEMPRE BRASIL

Nunca noite dormi tão sossegado,
Quem nem mesmo sonhei com o meu Brasil,
Porém, vendo infinito mar d'anil,
Lembra-me a aurora dele nacarada.

Cada dia que passa não é nada,
E os que faltam parecem mais de mil.
Se o tempo que lá vivo é um ceitil,
Aqui é para mim grande massada.

E a doença porém me consentir,
Sempre pensando nele, cuidarei
De tornar-me mais digno de o servir,

E, quando possa, logo voltarei;
Pois na terra só quero eu existir
Quando é para bem dele que eu o sei.


13 DE MAIO
 
No Brasil sempre brilhou o mes de Maio,
Mas só da redenção foi este dia
Em que o meu coração já não ouvia
A voz do cativeiro em seu desmaio.
 
Brilhou da divindade enfim o raio
Que há muito o Brasileiro presentia,
E exultando em sua íntima alegria
Diz: Firmei-me no bem, no mal não caio!
 
Já todos como irmão agora unidos
Serviremos à Pátria com fervor,
Para assim resgartarmos tempos idos...
 
E hosannas entoando o Criador,
Vejo enfim meus esforços concluidos:
Eu sou de um Povo Livre o Imperador.
 
(Petrópolis, 13 de maio de 1889)



Eliana (Shir) Ellinger
 

Fontes de Pesquisa:
 

LEA GOLDBERG



LEA GOLDBERG
( 1911 / 1970 )
 
 
 
Há cento e dois anos atrás, no distante Koenigsberg, Prússia (hoje Kaliningrado, na Rússia),  nasceu Lea Goldberg, poetisa, novelista, escritora de literatura infantil, tradutora, crítica, investigadora, professora  catedrática, dramaturga, doutora  em filosofia e línguas semíticas.
Passou a infância na Rússia e voltou com a família, após a revolução de 1917, para sua casa em Kovno (agora Kaunas), na Lituânia.
Quando estourou a primeira Guerra Mundial, Lea, com apenas três anos, fugiu com os pais para a Rússia, onde passaram um ano em difíceis condições. Voltando para Kaunas, a patrulha da fronteira lituana deteve-os e acusou o pai de ser espião bolchevista. Eles o torturaram durante dez dias, e quando foi libertado ficou muito traumatizado e com problemas psicológicos. Abandonou a família e nunca mais voltou. Lea e sua mãe viveram juntas até que a morte as separou.
Lea Goldberg começou a publicar versos em hebraico quando ainda era estudante. Frequentou a Universidade de Kovno, a Universidade de Berlim (onde obteve o doutorado em filosofia e estudos semitas) e a Universidade de Bonn.
Em 1936, mudaram-se para Israel e estabeleceram-se em Tel Aviv, onde Lea deu continuidade a seus escritos poéticos e contistas que até hoje fazem parte da cultura literária israelense.



Lea Goldberg tinha um estilo modernista que, superficialmente, pode parecer simples. Escreveu em um poema sobre seu próprio estilo que "lúcido e transparente / são minhas imagens". Embora às vezes escolhesse para escrever poemas que não tinham rimas, ela sempre respeitou as questões de rítmo e, além disso, em seu "artigo" de obras ( por exemplo, o conjunto de poesias de amor "Os Sonetos de Therese du Meun", um documento falso sobre o amor, desejos de um nobre francês casado por um jovem tutor).





 Seus célebres contos infantís merecem menção especial, conhecidos por cada criança israelense. "Onde está Pluto ?" , "Casa de Aluguel", "O Distraido de Vila Azar", são apenas poucos exemplos dos clássicos da literatura infantil de sua autoria, com o qual cresceram gerações dos alunos. 
Suas obras - além do afeto popular generalizado - receberam numerosos prêmios, dentre os quais o maior galardão nacional em sua categoria, o Prêmio de Literatura, outorgado em 1970. Postumamente alcançou o ápice em apenas 58 anos de vida, com uma obra rica e prolífica que inclui 12 livros de poesia, outros  de teatro, novelas, biografias, contos, traduções de Shakespeare, Tolstoi, Ibsen e Molière, que deixaram uma marca profunda e indelével na cultura hebraica contemporânea. 
Lea Goldberg nunca se casou, seu coração havia sido quebrado por um amor não correspondido, que expressou em muitos de seus poemas.
Faleceu em 1970 de câncer de pulmão, era uma fumante inveterada.



 SOU
 
Sou única no firmamento
e múltipla dentro do abismo.
Do fundo rio me contempla
a imagem refletida.
 
Sou a verdade no firmamento,
sou o imaginário abismo.
Do fundo do rio me contempla
a minha imagem, no seu enganoso destino.
 
Lá no alto estou rodeada de silêncio;
no abismo sussurro e canto.
No firmamento sou um deus,
no rio sou uma oração.
 
(tradução: Cecília Meireles)
 
** ** **
 
 
A ÁRVORE CANTA PARA O RIO
 
Tu que levaste meu outono aureolado
recolhendo meu sangue nas folhas mortas,
tu que verás minha primavera, pois ela volta,
quando chegar a estação do ano.
 
Rio, irmão meu, tu que te perdes para sempre
novo todos os dias, e outro e o mesmo,
a correnteza, meu irmão entre as margens
corre como eu entre a primavera e outono.
 
Pois eu sou a borbulha e sou o fruto,
o meu passado sou e meu futuro,
sou o tronco a si mesmo abandonado
e tu - tu és meu tempo, meu poema.
 
(Tradução: Cecilia Meireles)
 

Eliana (Shir)
 
Fontes de pesquisa:
 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

MANUEL BASTOS TIGRE


MANUEL BASTOS TIGRE
(1822 - 1957)
Manuel Bastos Tigre, filho de Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre, nasceu em Recife (PE), a 12 de março de 1882, faleceu no Rio de Janeiro em 02 de agosto de 1957.
Estudou no Colégio Diocesano de Olinda, onde compôs os primeiros versos e criou o jornalzinho humorístico O Vigia . Diplomou-se pela Escola Politécnica, em 1906, trabalhou como engenheiro da General Electric e foi depois ajudante de geólogo nas Obras Contra as Secas, no Ceará.
Foi homem de múltiplos talentos: jornalista, poeta, compositor, humorista, publicitário, além de engenheiro e bibliotecário. Em todas as áreas obteve sucesso, especialmente como publicitário. É dele, por exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos dessa empresa: "Se é Bayer, é bom". Foi ainda ele quem fez a letra para Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o "Chopp em Garrafa", inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a constituir-se no mesmo jingle  publicitário no Brasil.
Sua vida de jornalista iniciou-se em 1902, quando colaborou na revista humorística "Tagarela". Prestou depois serviços nos principais órgãos da imprensa carioca, como: "A Noite", "Gazeta de Notícias", "A Rua", "Careta", "O Malho", etc...
Foi fundador da revista "D. Xiquote", e no "Correio da Manhã" manteve durante mais de 50 anos, "Pingos e Respingos", uma das mais conhecidas seções da imprensa citadina, na qual glosava com sadio humor, os fatos pitorescos do Rio, do país e até do mundo, usando o pseudônimo de "Cyrano e Cia.".






Suas atividades como escritor, fizeram-no conquistar o  Prêmio de Poesias da Academia Brasileira de Letras, com a obra "Meu Bebê". Deixou, como poeta, uma bela obra educativa dedicada à infância. Sob o pseudônimo de "D. Xiquote", publicou muitos livros de versos humorísticos: "Saguão da Posteridade", "Poesias Humorísticas", "Versos Perversos", "Moinhos de Vento", entre outros.
Suas atividades Prestou concurso para Bibliotecário do Museu Nacional (1915), com tese sobre a Classificação Decimal. Mais tarde, transferiu-se para a Biblioteca Central da Universidade do Brasil, onde serviu por mais de 20 anos. Exerceu a profissão de bibliotecário por 40 anos, é considerado o primeiro por concurso no Brasil.






Pelo carinho que dedicava aos livros, foi escolhido para  Patrono da Semana da Biblioteca, escolha esta oficializada pelo Decreto Federal nº 884, de abril de 1962.
Bastos Tigre foi um homem feliz e plenamente realizado. A Biblioteconomia foi realmente sua carreira profissional. Seu grande entusiasmo e confiança no poder do livro é expresso nesta sua frase: " Veículo de idéias que trouxe o passado até o presente,  levará o presente ao infinito dos tempos".
A partir de 1918, em todos os bondes lia-se o reclame escrito por Bastos Tigre:
"Veja ilustre passageiro,
O belo tipo faceiro
Que o senhor tem ao seu lado.
No entanto, acredite,
Quase morreu de bronquite,

Salvou-o o Rhum Creosotado"



VOZ INTERIOR
Quem sou eu? De onde venho e onde, acaso me leva
O destino fatal que os meus passos conduz?
Ora, sigo, a tatear, mergulhado na treva,
Ou tateio, indeciso, ofuscado de luz.
Grão, no campo da Vida, onde a morte se ceva?
Semente que apodrece e não se reproduz?
De onde vim? Da monera? Ou vim do beijo de Eva?
E aonde vou, gemendo, a sangrar os pés nus?
Nessa esfinge da Vida a verdade se esconde;
O espírito concentro e consulto a razão,
E uma voz interior, sincera, me responde:
- Quem és tu? Operário honesto da nação.
De onde é que vens? De casa. Onde estás? No bonde.
Para onde vais? Não ves? Para a repartição.


TROVAS
Saudade, palavra doce,
que traduz tanto amargor!
Saudade é como se fosse
espinho cheirando a flor.
** ** **
Aliança! Algema divina,
a mais doce das prisões;
uma prisão pequenina
que encerra dois corações.
** ** **
Quando Deus fez Portugal,
lá plantou com sua mão
na terra; vinha e trigal
e o fado no coração.
** ** **
Pela ponte lá da praia
vieste cá me visitar;
Deus queira que a ponte caia
quando quiseres voltar.
** ** **
Ama a tua arte. Por ela
faze o bem: ama e perdoa.
A bondade é sempre bela
e a beleza é sempre boa.
** ** **
Maldigo quem te ache feia,
quem te ache bela também.
Quero mal a quem te odeia
e odeio a quem te quer bem.
** ** **
Eu, versos os mais diversos
já fiz: muita gente os lê...
Mas a "poesia" há nos versos
que eu fiz pensando em você.