Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









sábado, 16 de fevereiro de 2013



NARCISA AMÁLIA DE CAMPOS
(1852 - 1924)


Narcisa Amália de Campos, nasceu em 3 de abril de 1852 em São João da Barra, norte do Rio de Janeiro. Filha do poeta Jácome de Campos e da professora primária Narcisa Inácia de Campos.
Aos 11 anos muda-se com a família para Resende e aos 14 anos casa-se com João Batista da Silveira, artista ambulante de vida irregular, de quem se separa alguns anos mais tarde.
Aos 20 anos, escreve "Nebulosas", poemas de exaltação à natureza, à pátria e de lembranças da infância da "jovem e bela poetisa", como definiu Machado de Assis.
Em 1880, aos 28 anos, casa-se pela segunda vez com Francisco Cleto da Rocha, também chamado Rocha Padeiro, dono da "Padaria das Famílias", em Resende. Nos primeiros anos do matrimônio, ajuda o marido, mas continua a receber em seus saraus os amigos literatos, como Raimundo Correia, Luiz Murat, Alfredo Sodré e inclusive o Imperador Dom Pedro II que, em sua passagem à Resende, vai visitar "a sublime padeira", por estar ansioso "por lhe provar...o pão espiritual" embora seja ela a poetisa fervorosa republicana e abolicionista.
Seu casamento com o padeiro também não dura muito, com a separação é obrigada a deixar Resende, cidade que considerava sua terra, pressionada por campanha maledicente promovida pelo marido enciumado.
Muda-se para a Capital e didica-se ao magistério. Em 13 de outubro de 1884, funda um pequeno Jornal Quinzenal, "O Gazetinha", suplemento do Tymburitá que tinha como subtítulo, "folha dedicada ao belo sexo".
Narcisa Amália foi a primeira mulher no Brasil a se profissionalizar como jornalista, alcançando projeção em todo o país com artigos em favor da Abolição da Escravatura, defensora da mulher e dos oprimidos em geral.
Narcisa faleceu aos 72 anos, pobre, cega e paralítica, sendo seu corpo sepultado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Antes de sua morte, deixou um apelo:
"Eu diria à mulher inteligente, molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim, deixarás como vestígio a ressonância em todos os sentidos".


POR QUE SOU FORTE
Dedicada à Ezequiel Freire

Dirás que é falso. Não. É certo. Desço
Ao fundo d'alma toda vez que hesito...
Cada vez que uma lágrima ou que um grito
Trai-me a angústia - ao sentir que desfaleço...
E toda assombro, toda amor, confesso,
O limiar desse país bendito
Cruzo: aguardam-me as festas do infinito!
O horror da vida, deslumbrada, esqueço!
É que há dentro vales, céus, alturas,
Que o olhar do mundo não macula, a terna
Lua, flores, queridas criaturas,
E soa em cada moita, em cada gruta,
A sinfonia da paixão eterna!...
E eis-me de novo forte para a luta.

Resende, 07.09.1886

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PERFIL DE ESCRAVA

Quando os olhos entreabro à luz que avança,
Batendo a sombra e pérfida indolência,
Vejo além da discreta transparência
Do alvo cortinando uma criança.

Pupila de gazela - viva e mansa,
Com sereno temor colhendo a ardência
Fronte imersa em palor...Rir de inocência,
Rir que trai ora angústia, ora esperança...

Eis o esboço fugaz da estátua viva,
Que - de braços em cruz - na sombra avulta
Silenciosa, atenta, pensativa!

Estátua? Não, que essa cadeia estulta
Há de quebrar-se, mísera, cativa,
Este afeto de mãe, que a dona oculta!


 Fontes de pesquisa:
Arte Eliana Ellinger



REYNALDO JARDIM

REYNALDO JARDIM
(1926 - 2011)

Filho de um militar negro, Joaquim da Silva Silveira e de uma descendente de espanhola, Edina Jardim Silveira, Reynaldo nasceu dia 13 de dezembro de 1926, em uma família de quatro filhos. Seus pais esforçaram-se muito para faze-los estudarem no Liceu, escola tradicional, mas Reynaldo só pode estudar jornalismo porque conseguiu uma bolsa em uma das turmas de comunicação da PUC de São Paulo.
Formando, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se casou com Edelvaz, que lhe deu dois filhos, Joaquim e Teresa. Foi redator das revistas O Cruzeiro e Manchete. No Rio, exerceu cargos de chefia na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mauá, na Rádio Globo, na Rádio Nacional e, em São Paulo, na Rádio Excelsior. Participou, nos anos 50, da reforma do Jornal do Brasil, criando o Caderno de Domingo, o Caderno B e o Suplemento Dominical. Em 1964, obrigado a deixar o Jornal do Brasil, devido ao golpe militar, Reynaldo Jardim foi assumir a diretoria da revista Senhor  e do telejornalismo da recém-inaugurada TV Globo. Em 1967, criou o jornal-escola O Sol. Em 1968, manteve um quadro diário no Jornal de Vanguarda, exibido pela TV Rio, no qual comentava em versos, ao vivo, um acontecimento do dia.
Realizou reformas gráfico-editoriais em jornais  A Crítica (Manaus), Gazeta do Povo (Curitiba), Jornal de Brasília e Diário da Manhã (Goiânia).
Viúvo do primeiro casamento, casou-se com a jornalista Elaina Maria Daher, com quem teve três filhos, Rafael, Gabriel e Micael. Em 1998 mudou-se com a família para Brasília e lá foi editor do caderno Aparte do Correio Brasiliense, diretor da Fundação Cultural de Brasília, assessor do Ministério da Justiça e assessor cultural do governo do Distrito Federal.
Reynaldo Jardim manteve coluna diária de poesia de 2004 a 2006 no Caderno B do Jornal do Brasil.
 Foi homenageado Cidadão Honorário de Brasília no Teatro Nacional. Ganhou um prêmio Jabuti na categoria poesia em 2010, com seu livro Sangradas Escrituras. A obra, de 1.200 páginas, resume 64 anos de carreira. Em 2011, foi relançado seu livro Maria Bethânia Guerreira Guerrilha, ocasião na qual houve homenagem e declamação de seus poemas pela cantora.  
Também foi homenageado na Biblioteca Demonstrativa de Brasília, órgão do qual foi editor. 
Faleceu aos 84 anos, de complicações causadas por aneurisma na aota abdominal, deixando a esposa, quatro filhos, dez netos e um bisneto.



SONETO TRAVADO

O que será que ela me ama,
se a imprudência da ternura,
o quando vou, a volta escura,
esse parir quando me chama?
O que terá que assim me odeia,
por que se faz de alegre e raiva,
sendo a distância que desmais,
por que me arranha em sua teia?
O que faria se me esquece
e já me fere da esquivança,
senão me erra o que padece:
A manhã cedo em cada prece,
a fúria azul dessa lembrança,
o calendário que enlouquece.

Fontes de pesquisa:

Trabalho de Pesquisa  Eliane Ellinger