Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









terça-feira, 19 de março de 2013

LUIS MURAT


LUÍS MURAT
(1861 - 1929)
 
 
Luís Norton Barreto Murat, filho do Dr. Tomás Norton Murat e Antonia Barreto Norton Murat, nasceu em Itaguaí, Rio de Janeiro, em 14 de maio de 1861.
Após concluir os estudos básicos no Imperial Colégio Pedro II, segue para São Paulo e matricula-se no Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito, bacharelando-se em 17 de março de 1886. Sua estréia literária deu-se em São Paulo (1879), no  "Ensaio Literário", órgão do clube literário Curso Anexo, redigido por ele e outros colegas. Mudou-se para o Rio de Janeiro, abraçou o jornalismo, e seus artigos captavam as atenções gerais.




Publicou seu primeiro livro de poesias, Quatro Poemas, em 1885. Fundou o jornal Vida Moderna (1886 à 1887) com Artur Azevedo, no qual colaboravam Araripe Junior, Xisto Bahia, Coelho Neto, Alcino Guanabara, Guimarães Passos, Raul Pompéia entre outros. Depois colaborou  na Cidade Rio, de José do Patrocínio, em A Rua, com Olavo Bilac e Raul Pompéia, além de outros jornais cariocas. Escrevia também sob pseudônimo de 'Franklin'. Jornalista combativo, empenhou-se a fundo nas campanhas da Abolição e pelo advento da República.
Em janeiro de 1890, publicou o poema dramático "A Última Noite de Tiradentes", em folhetim, na Gazeta de Notícias. Nesse ano foi eleito deputado pelo Estado do Rio e atravessou várias legislaturas. Foi Secretário Geral do governo fluminense e escrivão vitalício da provedoria da então Capital Federal. Insurgiu-se contra Floriano Peixoto, recebendo ordem de prisão, mas as imunidades parlamentares o salvaram. Foi, então, para o jornal O Combate e atacou violentamente o presidente.
Na revolta da Marinha, em setembro de 1893, redigia o jornal que publicou o manifesto do Almirante Custódio José de Melo. Esteve com os revoltosos da esquadra, mas deixou-se prender quando sentiu desvirtuado o intuito da revolução. Foi julgado e absolvido por unanimidade no Paraná.
Autor de poesia romântica, liga-se acidentalmente à geração parnasiana, meio difuso e pouco claro em suas manifestações como poeta. Sofreu influências dos românticos Victor Hugo e Théophile Gautier, que se evidenciaram na tendência para as imagens fulgurantes e para a exalação verbal e dos poetas nórdicos, ao expressar certas notas profundas , obscuridades e uma atmosfera de espiritismo. 
Luís Murat foi um poeta culto e investigador, fez a poesia sem parecer preocupado em afiliar-se a uma escola, fundador da cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono Adelino Fontoura.
Luís Murat faleceu no Rio de Janeiro, em 3 de julho de 1929. Em sua sucessão hoje é apenas conhecida em seu sobrinho neto, também escritor, político e jurista, Raphael Murat.
 
 
O PODER DAS LÁGRIMAS
 
Com que saudade para o céu não olhas,
Vendo de nuvens todo o céu coberto,
E engastadas de pérolas as folhas
E o coração das árvores deserto.
 
Como uma grande rosa, a alma desfolhas
Dentro do seio, inteiramente aberto,
E esses restos de flor passando molhas
N'água do arroio que coleia perto.
 
Molha-as, sim, nesta linfa algente e casta !
Que uma só gota cristalina basta
Para o calor em chuva ir transformando.
 
Hás de ficar com os olhos rasos d'água,
A dor há de acalmar que a própria mágoa
Tem dó de ver uma mulher chorando.


Fontes de Pesquisa:
 


Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)
 

domingo, 3 de março de 2013

ZzCouto






Num tempo vestido de esperança, a menina Maria José S.R.Couto floriu para a vida, e como semente de alegria em terra fértil cresceu, viveu a estação criança, adolescente e em noite de lua crescente acordou mulher sonhadora e sensível às belezas da vida, aquarelas perfeitas que Deus nos oferta todos os dias. Ela reside na bela Niterói, cidade onde diz amar viver. Chegou à Internet  em 2004 com suas formatações em slides (PPS) e assinando seus belos trabalhos de arte como ZzCouto, e assim tornou-se conhecida e reconhecida incentivadora da poesia. 

No ano de 2006 criou o site http://www.zezecoutoslides.com/ que diz ser "a menina dos seus olhos", lá é morada de todos os slides por ela formatados e os poemas que escreve, sim ela é poeta! Penso que se nasce poeta, mesmo que não se tenha conhecimento disso, mas um dia, assim do nada a inspiração não mais quer ficar dentro da gente e qual pipa volitando no ar, abre a alma, clareia o olhar para a estesia do ser e rompe as correntes... Livre afinal, nunca mais nos abandona. Foi em 2008 com ZzCouto, o que estava oculto jorrou livres nascentes de emoção e sentimentos que precisavam escrever sua história na virgem folha branca de papel. Nesse mesmo ano criou seu próprio grupo, o Grupo ZzCoutoSlides. Amante da arte e das cores que exprimem a magistral coreografia da existência terrena nossa poeta é Artista Plástica, agraciada com premiações nas várias exposições que participou, gosta de teatro, da música, de livros e de um bom filme, não tendo preferências por autores ou atores. Com respeito à sua religiosidade, segue o Catolicismo com grande respeito a todas as crenças cuja fé leve orações  a um só Pai: DEUS!

Em sua maneira simples de ser, onde o ter não é fundamental para ser feliz, ela segue a estrada traçada lutando e conquistando seus ideais, não tem pressa... 
Vai observando e admirando a paisagem que encanta a alma poeta, aquela sem véus, onde o oculto revela um tempo de luz, paz e harmonia. Assim é ZzCouto!



Segue links onde se pode admirar a arte da a artista poeta!



Voar e Sonhar!


ZzCouto




Um dia eu fui sonho 
e construí meus castelos à beira mar...
Desabrochei para a vida e, 
impulsionada pela brisa, 
sem asas, pus-me a voar...

Galopava o destino, 
vagando ondas, sem fim... 
Quando me procurei em desatino,
deixando-me o coração em pedaços,
estava longe de mim...

Eu que punha todo o desejo
de conquistas, que me envolviam e me 
faziam levitar, tão sutilmente...
Me levaram ao êxtase, 
ao flutuar...

Do meu ser emana a magia,
que de um só golpe
amordaça minhas energias e
que desnuda todo o 
meu eu...

E no meu reino de fantasias,
todas as cores eram soberanas...
Me confundiram atirando-me 
num picadeiro e, cega por instantes, 
não tive como me equilibrar.

Então eu chorei...
E se apesar do pranto, a sós, fiquei...
Busquei no voo o teu recado e 
cobriram-me com implume silêncio.
Triste, sem voo e sonhos... 
Desfaleci!

13/01/09
Anna Peralva

Trabalho de arte: Marilda Ternura  

JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS


JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS
( 1893 - 1970 )
 
 
 
 
Almada Negreiros nasceu em S. Tomé e Príncipe, filho do tenente de cavalaria Antônio Lobo de Almada Negreiros, administrador do Conselho de S. Tomé e de Elvira Sobral.
Foi educado no Colégio de Campolide -  dos Jesuitas -  e, mais tarde, devido a extinção do Colégio (1910), no Liceu de Coimbra. Em 1911 ingressou na Escola Internacional de Lisboa, com um ensino mais moderno, onde lhe proporcionaram um espaço para expandir sua arte. Publica o primeiro desenho " A Sátira ".
Terminados os estudos no Liceu Campolide, no Liceu de Coimbra e na Escola Normal (1912), entregou-se a uma intensa atividade artística e literária que visava colocar Portugal ao nível de outras nações européias. Pertenceu ao grupo Orpheu (1915), estudou pintura em Paris (1919-1920), viveu na Espanha de 1927 a 1932, em trabalhos de artes plásticas.
 
Engajou-se em todos os principais movimentos de vanguarda e procurou desde cedo divulgá-las nos meios culturais portuguêses. Para tanto, desdobrou-se em poeta, pintor, desenhista, romancista, teatrólogo, conferencista, crítico de arte, num afã de totalidade e divertificação que não oculta o sopro genial da visão do mundo e dos homens.
De sua atividade como escritor, sobressai a colaboração nas revistas Orpheu (1915), Portugal Futurista (1917),  Athena, Contemporânea e Sudoeste, bem como em seu romance "Nome de Guerra", considerado um dos romances fundamentais do século XX, e a obra poética "A Invenção do Dia Claro". Escreveu também artigos diversos em jornais e revistas, enquanto ensaísta e crítico. É, porém, sua atuação na pintura o que mais se destaca em sua produção artística, embora tenha igualmente executado vitrais, mosaicos e tapeçarias, entre outras artes plásticas. Expôs pela primeira vez em 1912 e sua obra evoluiu na segunda e na terceira décadas do século, contribuindo para a formação e para o desenvolvimento do modernismo em Portugal. Realçamos seus murais na gare marítima de Lisboa, os trabalhos para a Igreja Nossa Senhora de Fátima e o célebre retrato de Fernando Pessoa.
Como escritor, publicou peças de teatro - "Antes de Começar", 1919; "Pierrot e Arlequim", 1924, que pintou o estudo cênico.

Depois, "Deseja-se Mulher", 1928 - os poemas "Menino de Olhos Gigantes", 1921; "A Cena de Ódio" (escrito em 1915 durante a Revolução de Maio, contra a ditadura de Pimenta Castro que consiste numa descrição violenta do Portugal da época, em que exprime uma dialética de amor e ódio que seria a tônica dominante das relações do artista com a pátria).

"As Quatro Manhãs" (1935) e "Começar" (1969) e uma série de textos de crítica e polêmica, dispersos pelas publicações que colaborava. Dentre estes, destacam-se "Manifesto Anti Dantas" (1915); "Ultimatum Futurista às Gerações Portuguêsas" (1917) e "A Invenção do Dia Claro" (1921), conferência sob a forma de poema.
Sua obra representa uma síntese, única na sua geração, das tendências modernistas e futuristas de então, não apenas por, como artista, ser multifacetado, mas também pela sua capacidade de fusão e conjugação, nas letras e na pintura, das vertentes plástica, gráfica e poética.
Almada Negreiros faleceu em Lisboa, dia 15 de junho de 1970.

Em 1970 e 1988, foram publicadas duas edições de "Obras Completas de Almada Negreiros", comemorando a última o centenário do autor.



CANÇÃO DA SAUDADE
 
Se eu fosse cego amava toda a gente.
Não é por ti que dormes em meus braços que sinto amor.
Eu amo a minha irmã gêmea que nasceu sem vida,
e amo-a a fantasia-la viva na minha idade.
 
Tu, meu amor, que nome é o teu?
Dize onde vives, dize onde moras,
dize se vives ou se já nasceste.
 
Eu amo aquela mão branca dependurada
da murada da galé, que partia em busca
de outras galés perdidas em mares longíssimos.
 
Eu amo um sorriso que julgo ter visto
em luz do fim-do-dia por entre as gentes apressadas.
 
Eu amo aquelas mulheres formosas
que indiferentes passaram a meu lado
e nunca mais os meus olhos pararam nelas.
 
Eu amo os cemitérios - as lágens são espessas vidraças
transparentes, e eu vejo deitadas em leitos floridos virgens
nuas, mulheres belas rindo-se para mim.
 
Eu amo a noite, porque na luz fugida as silhuetas indecisas
das mulheres são como as silhuetas indecisas das mulheres
que vivem em meus sonhos. Eu amo a lua do lado que eu nunca vi.
 
Se eu fosse cego, amava toda a gente.
 
(in 'Frisos - Revista Orpheu nº 1)
 

Fontes de pesquisa:
 

Trabalho de Pesquisa Eliana Ellinger
 

ROBERTO PIVA


ROBERTO PIVA
(1937 - 2010)


Roberto Piva é um dos maiores nomes da poesia contemporânea no Brasil.
Sua história pessoal começa e gira em torno da cidade de São Paulo, onde nasceu, cresceu e formou-se entre a capital e as antigas fazendas do pai, no interior do Estado de São Paulo. Seus primeiros poemas foram publicados em 1961, quando tinha 23 anos. Nessa mesma época, integrou a famosa Antologia dos Novíssimos, de Massao Ohno, na qual se lançaram vários poetas brasileiros iniciantes, que depois desenvolveram uma obra poética de importância. Piva formou-se em sociologia. Sobreviveu em grande parte como professor de estudos sociais e história. Em suas aulas aos adolescentes do segundo grau, costumava trabalhar as matérias a partir de poemas que os fazia ler e interpretar. Foi um professor de muito sucesso, com rara vocação como pedagogo. Nos anos de 1970, tornou-se produtor de shows de rock.

Em 1976 Piva foi incluido na antologia 26 Poetas Hoje, de Heloísa Buarque de Holanda. Em 2005 a Editora Globo deu início à publicação das obras reunidas do poeta.
A poesia de Piva também é conhecida por uma forte presença de homoerotismo. Frequentemente é classificado como um "poeta maldito" e, de fato, sua poesia evoca muitos poetas que são tradicionalmente considerados malditos, citando-os nominalmete grande parte das vezes. É o caso de Álvares de Azevedo, Antonin Artaud, Arthur Rimbaub, Marquês de Sade, Pier Paolo Pasolini, entre outros. Jorge de Lima também está presente na dicção de Piva, que dedicou a ele o poema "Jorge de Lima, Panfletário do Caos", do livro Paranóia.

Há ainda a influência de Murilo Mendes sobre ele em seus versos "Murilo Mendes tuas poesias são os sapatos de abóboras que eu calço nesses dias de verão". O ponto de ligação que há entre os dois é o tom surrealista que ambos assumem em seus poemas.
Os livros de Roberto Piva seriam reunidos em três volumes, publicados pela Editora Globo e editados por Alcir Pécora: Um estrangeiro na legião (2005), Mala na mão & asas pretas (2006) e estranhos sinais de Saturno (2008)

Assim, já no contexto das escolas literárias, as obras de Piva evocam experiências do Romantismo, Simbolismo, Surealismo e da Geração Beat. Figura ao lado de Claudio Willer e Sérgio Lima como um dos únicos poetas brasileiros resenhados pela revista La Bréche. Poetas mais canônicos, como Fernando Pessoa, Garcia Lorca e Walt Whitman também influenciaram o poeta. Em seus livros mais recentes, é grande a presença do xamanismo.
Seu último livro - Ciclones - tem todo vigor da adolescência. Nos seus momentos mais fracos, corresponde a uma idealização desejo sexual puro e simples: "O garoto/e seu cú em flor/adorno de um deus/deslumbrando o caos"

Roberto Piva faleceu em São Paulo, em 2010, aos 72 anos de idade, com falência múltipla dos órgãos decorrente de insuficiência renal. Um câncer na próstata o havia levado ao Hospital das Clínicas, onde estava internado desde maio e o câncer atingiu os ossos.


POEMA VERTIGEM

Eu sou a viagem de ácido 

nos barcos da noite 
Eu sou o garoto que se masturba 
na montanha 
Eu sou o tecno pagão 
Eu sou o Reich, Ferenczi & Jung 
Eu sou o Eterno Retorno 
Eu sou o espaço cibernético 
Eu sou a floresta virgem 
das garotas convulsivas 
Eu sou o disco-voador tatuado 
Eu sou o garoto e a garota 
Casa Grande & Senzala 
Eu sou a orgia com o 
garoto loiro e sua namorada 
de vagina colorida 
(ele vestia a calcinha dela 
& dançava feito Shiva 
no meu corpo) 
Eu sou o nômade de Orgônio 
Eu sou a Ilha de Veludo 
Eu sou a Invenção de Orfeu 
Eu sou os olhos pescadores 
Eu sou o Tambor do Xamã 
(& o Xamã coberto 
de peles e andrógino) 
Eu sou o beijo de Urânio 
de Al Capone 
Eu sou uma metralhadora em 
estado de graça 
Eu sou a pomba-gira do Absoluto.


CEGOS

Vocês estão cegos graças ao temor,
olhares mortos sugando-me o sangue,
não serei vossa sobremesa nessa curta
temporada no inferno.
Eu quero que seus rostos cantem,
eu quero que seus corações explodam
em línguas de fogo,
meu silêncio é um galope de búfalos,
meu amor cometa nômade
de riso abominável.
Façam seus orifícios cantarem o hino
à estrela da manhã,
torres e cabanas onde foi fechado
o arco-íris.
Eu abandonei o passado, a esperança,
a memória, o vazio da década 70,
sou um navio lançado ao
alto-mar das futuras
combinações.
(Do seu livro '20 poemas com Brócoli,1981 - Massao Oho-Roswitha)




Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger