Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









terça-feira, 28 de maio de 2013

HERMES FONTES



HERMES FONTES
(1888 - 1930)


Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes, ou simplesmete
Hermes-Fontes, como assinava, com hífen, filho de Francisco Martins Fontes e Maria de Araújo Fontes, nasceu em Boquim em 28 de agosto de 1888.
Estudou as primeiras letras na terra natal, mudando-se, aos 8 anos, para Aracaju onde passou  por algumas escolas até matricular-se no colégio do professor Alfredo Montes. O talento do menino chamou a atenção dos professores, pela precocidade, espalhando-se em toda capital sergipana, chegando ao conhecimento do presidente do Estado, um dos Bacharéis de Recife, Martim Garcez, que o levou para o Rio de Janeiro.
Hermes-Fontes tinha 10 anos quando chegou na capital da República para estudar, às custas de Martinho Garcez.
O estímulo recebido frutificou, os estudos revelaram a intelectual, que desde os 15 anos a colaborar na imprensa, começando pelo jornal O Fluminense, de Niterói, seguindo-se muitos outros, onde mostrava sua vocação de poeta e de crítico. Em 1911 bacharelou-se em Direito, pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, onde Sílvio Romero era professor.
A tragetória poética de Hermes-Fontes, desde  Apoteoses, 1908, até Fonte da Mata, 1930, consagra sua vida intelectual, adornada pela crítica ampla que fez da vida brasileira, em artigos, ensaios e colunas nas principais revistas e jornais da sua época - Correio da Manhã, Fon-Fon, Careta, O País, O Malho, Kosmos - e ainda pelo traço bem humorado da caricatura.
Hermes-Fontes foi, então, um artista completo que conquistou o público, mereceu opinião favorável dos críticos e reconhecimento pleno de sua intensa atividade intelectual.
Em 1913 publicou seu primeiro livro de poesias, Gênese. Seguiram-se Ciclo da Perfeição (1914), Miragem do Deserto (1917), Microcosmo (1919), A Lâmpada velada (1922) e A Fonte da Mata (1930), entre outros.
A poesia de Hermes-Fontes é de estética simbolista, tendo produzido também poemas visuais, mas não acompanhou a nova ordem literária com o advento do Modernismo no Brasil em 1922. Participou da formação da Academia Sergipana de Letras em 1929, fundador da cadeira 16, tendo como patrono o poeta Pedro de Calasans.



Sua vida foi conturbada na década de 20, as traições, o fim de seu casamento e outros complexos sobre seu aspecto físico (baixo e feio), contribuiram para seu isolamento e depressão.
Em 25 de dezembro de 1930, aos 42 anos, Hermes-Fontes deu fim a sua própria vida com uma arma, amargurado e infeliz, no Rio de Janeiro.

MÃE
Para dizer quem foi a minha mãe, não acho
Uma palavra própria, um pensamento bom
Diógenes - busco-o em vão: Falta-me a luz de um facho
- Se acho som, falta luz; se acho luz falta o som!
Teu nome - ó mãe! - tem o sabor de um cacho
De uvas diáfamas, cor de ouro e pérola, com
Polpa de beijos de anjo...ouvi-lo é ouvir um sacho
Merencóreo, a rezar, no seu eterno tom...
Minha mãe! Minha mãe! Eu não fui qual devera.
Morreste e eu não bebi nos teus lábios de cera
A doçura que as mães, ainda mortas contêm...
Ao pé de nossas mães - todos nós somos crentes...
Um filho que tem mãe - tem todos os parentes...
E eu não tenho por mim, ó mãe, ninguém!


JOGOS DE SOMBRAS
Sempre que me procuro e não me encontro em mim,
pois pedaços do meu ser que andam dispersos
nas sombras do jardim,
nos silêncios das noite,
nas músicas do mar,
e sinto os olhos, sob as pálpebras imersos
nesta serena unção crepuscular
que lhes prolonga o trágico tresnoite
da vigília sem fim,
abro meu coração, como um jardim,
e desfolho a corola dos meus versos,
faz-me lembrar a alma que esteve em mim
e que, um dia, perdi e vivo a procurar
nos silêncios da noite,
nas sombras do jardim,
na música do mar...



Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)
     

sábado, 18 de maio de 2013

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDERSEN


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDERSEN
(1919 - 2004)


Poetisa e contista portuguesa, nasceu no Porto, no seio de uma família aristocrática e aí viveu até aos dez anos, quando se mudou para Lisboa. De origem dinamarquesa por parte do pai, a sua educação decorreu num ambiente católico e culturalmente privilegiado que influenciou a sua personalidade. Frequentou o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em consonância com o seu fascínio pelo mundo grego (que a levou igualmente a viajar pela Grécia e por toda a região mediterrânica), não tendo todavia chegado a concluí-lo.
Teve uma intervenção política empenhada, opondo-se ao regime salazarista (foi co-fundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos) e também, após o 25 de Abril, como deputada. Presidiu ao Centro Nacional de Cultura e à Assembléia Geral da Associação Portuguesa de Escritores.

O ambiente da sua infância reflete-se em imagens e ambientes presentes na sua obra, sobretudo nos livros para crianças. Os verões passados na praia da Granja e os jardins da casa da família ressurgem em evocações do mar ou de espaços de paz e amplitude. A civilização grega é igualmente uma presença recorrente nos versos de Sophia, através da sua crença profunda na união entre os deuses e a natureza, tal como outra dimensão da religiosidade, provinda da tradição bíblica e cristã.

A sua atividade literária (e política) pautou-se sempre pelas idéias de justiça, liberdade e integridade moral. A depuração, o equilíbrio e a limpidez da linguagem poética, a presença constante da Natureza, a atenção permanente aos problemas e à tragicidade da vida humana são reflexo de uma formação clássica, com leituras, por exemplo, de Homero, durante a juventude. Colaborou nas revistas Cadernos de Poesia (1940), Távola Redonda (1950) e Árvore (1951) e conviveu com nomes da literatura como Miguel Torga, Ruy Cinatti e Jorge de Sena.

Na lírica, estreou com Poesia (1944), a que se seguiram Dia do Mar (1947), Coral (1950), No Tempo Dividido (1954), Mar Novo (1958), O Cristo Cigano (1961), Livro Sexto (1962, Grande Prêmio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores), Geografia (1967), Dual (1972), O Nome das Coisas (1977, Prêmio Teixeira de Pascoaes), Navegações (1977-82) e Ilhas (1989). Este último voltou a ser publicado em 1996, numa edição de poemas escolhidos acompanhada de fotografias de Daniel Blaufuks. Em 1968, foi publicada uma Antologia e, entre 1990 e 1992, surgiram três volumes da sua Obra Poética. Seguiram-se os títulos Musa (1994) e O Búzio de Cós (1997). Colaborou ainda com Júlio Resende na organização de um livro para a infância e juventude, intitulado Primeiro Livro de Poesia (1993).


Em prosa, escreveu O Rapaz de Bronze (1956), Contos Exemplares (1962), Histórias da Terra e do Mar (1984) e os contos infantis A Fada Oriana (1958), A Menina do Mar (1958), Noite de Natal (1959), O Cavaleiro da Dinamarca (1964) e A Floresta (1968).





É ainda autora dos ensaios Cecília Meireles (1958), Poesia e Realidade(1960) e O Nu na Antiguidade Clássica (1975), para além de trabalhos de tradução de Dante, Shakespeare e Eurípedes.          
Sua obra literária encontra-se parcialmente traduzida na França, Itália e nos Estados Unidos da América. Em 1994 recebeu o Prêmio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores e, no ano seguinte, o Prêmio Petrarca, da Associação de Editores Italianos. O seu valor, como poetisa e figura da cultura portuguesa, foi também reconhecido através da atribuição do Prêmio Camões, em 1999. 

Em 2001, foi distinguida com o Prêmio Max Jacob de Poesia, num ano em que foi excepcionalmente alargado a poetas de língua estrangeira. 
Em Agosto do mesmo ano, foi lançada a antologia poética Mar. Em Outubro publicou o livro O Colar. Em Dezembro, saiu a obra poética Orpheu e Eurydice, onde o orphismo está, mais uma vez, presente, bem como o amor entre Orpheu, símbolo dos poetas, e Eurídice, que a autora recupera num sentido diverso do instaurado pela tradição helênica.
Sophia veio a falecer rm Lisboa, aos 84 anos de idade.


Busto de Sophia no Jardim Botânico do Porto.

ASSIM O AMOR
Assim o amor,
Espantado meu olhar com teus cabelos,
Espantado meu olhar com teus cavalos
E grandes praias fluidas avenidas,
Tardes que oscilam demoradas
E um confuso rumor de obscuras vidas.
E o tempo sentado no limiar dos tempos,
Com seu fuso, sua faca, seus novelos,
Em vão busquei eterna luz precisa.
** ** **
TERROR DE TE AMAR
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo,
Mal de te amar neste lugar de imperfeição,
Onde tudo nos quebra e emudece,
Onde tudo nos mente e nos separa.
Que nenhuma estrela queime o teu perfil,
Que nenhum deus se lembre do teu nome,
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti eu criarei um dia puro,
Livre como o vento e repetido,
Como o florir das ondas ordenadas.



Fontes de pesquisa:
  

Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger


ALCEU WAMOSY


ALCEU WAMOSY
(1895 - 1923)

Alceu Wamosy nasceu em Uruguaiana (RS) em 14/02/1895 e faleceu em Livramento (RS) em 13/09/1923.
Publicou seu primeiro livro de poesias, "Flâmulas" , em 1913. Na época já trabalhava como colaborador no jornal A Cidade , fundado por seu pai em Alegrete (RS). A partir de 1917, tornou-se proprietário do jornal O Republicano, apoiando o Partido Republicano. Continuou colaborando para diversos periódicos. como os jornais A Notícia, A Federação, O Diário  e a revista A Máscara.
Publicou as obras poéticas "Na Terra Virgem" , em 1914 e "Coroa de Sonho" , em 1923.
Postumamente foram publicadas "Poesias Completas", (1925) pela Editora Globa e "Poesia Completa" (1994), em Porto Alegre, na "Coleção Memória"  da  EDIPURCS.
Poeta simbolista, Alceu Wamosy escreveu poemas cheios de desencanto, em uma produção que se destacou no sul do país e que é uma das obras mais significativas do Simbolismo brasileiro, sendo o seu soneto "Duas Almas" um dos mais belos produzido em língua portuguêsa.


   





Lutando ao lado da hostes governamentais, na Revolução Federalista, combatendo em Santa Maria Chica, Pontes do Ibirabuitá e Ponche Verde, recebeu uma bala no peito, vindo a falecer em Livramento, lugar para onde o transportaram, com apenas 28 anos de idade.
Alceu Wamosy é patrono da cadeira nº 14 da Academia Rio-Grandense de Letras. Foi homenageado como patrono da Feira do Livro de Porto Alegre de 1967.



NOTURNO


Tu pensarás em mim, por esta noite imensa
e erma, em que tudo é um frio e silêncio profundo?
Tu pensarás em mim? Por esta noite enfermo,
tendo os olhos em febre e a voz cheia de sustos,
eu penso em ti, no teu amor e na promessa
muda que teu olhar me fez e que eu espero.
(Que dor de não saber se tu não pensas em mim!)
Sob a tenda da noite estrelada de outono,
que eu contemplo através os cristais da janela,
junto ao manso tepor da lâmpada que escuta
- antiga confidente - os meus sonhos e as minhas
vigilias de tormento, eu penso em ti, divina.
(E tu talvez nem te recordes deste ausente!)
Penso em ti. Penso e evoco o teu vulto adorado.
Penso nas tuas mãos - um lis de cinco pétalas -
que, em vez de sangue, têm luar dentro das veias,
nos teus olhos, que são Noturnos de Chopin,
agonizando à luz de uma tarde de sonho,
na tua voz, que lembra um beijo que se esfolha.
Penso. 
(E nem sei se tu também pensas em mim!)
Talvez não. No tranquilo altar da tua alcova,
onde se extingue a luz de um velho candelabro
com uma lâmpada votiva, tu adormeces
sorrindo ao anjo fiel que as tuas pálpebras fecha
para que tu não tenhas sonhos maus.
Eu penso
em ti, sem, a sós, angustiado e febril,
em ti que nem eu sei se lembras de mim...



 Fontes de pesquisa:


Trabalho de Pesquisa Eliana (Shir)