Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









segunda-feira, 21 de outubro de 2013

MANUEL BASTOS TIGRE


MANUEL BASTOS TIGRE
(1822 - 1957)
Manuel Bastos Tigre, filho de Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre, nasceu em Recife (PE), a 12 de março de 1882, faleceu no Rio de Janeiro em 02 de agosto de 1957.
Estudou no Colégio Diocesano de Olinda, onde compôs os primeiros versos e criou o jornalzinho humorístico O Vigia . Diplomou-se pela Escola Politécnica, em 1906, trabalhou como engenheiro da General Electric e foi depois ajudante de geólogo nas Obras Contra as Secas, no Ceará.
Foi homem de múltiplos talentos: jornalista, poeta, compositor, humorista, publicitário, além de engenheiro e bibliotecário. Em todas as áreas obteve sucesso, especialmente como publicitário. É dele, por exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos dessa empresa: "Se é Bayer, é bom". Foi ainda ele quem fez a letra para Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o "Chopp em Garrafa", inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a constituir-se no mesmo jingle  publicitário no Brasil.
Sua vida de jornalista iniciou-se em 1902, quando colaborou na revista humorística "Tagarela". Prestou depois serviços nos principais órgãos da imprensa carioca, como: "A Noite", "Gazeta de Notícias", "A Rua", "Careta", "O Malho", etc...
Foi fundador da revista "D. Xiquote", e no "Correio da Manhã" manteve durante mais de 50 anos, "Pingos e Respingos", uma das mais conhecidas seções da imprensa citadina, na qual glosava com sadio humor, os fatos pitorescos do Rio, do país e até do mundo, usando o pseudônimo de "Cyrano e Cia.".






Suas atividades como escritor, fizeram-no conquistar o  Prêmio de Poesias da Academia Brasileira de Letras, com a obra "Meu Bebê". Deixou, como poeta, uma bela obra educativa dedicada à infância. Sob o pseudônimo de "D. Xiquote", publicou muitos livros de versos humorísticos: "Saguão da Posteridade", "Poesias Humorísticas", "Versos Perversos", "Moinhos de Vento", entre outros.
Suas atividades Prestou concurso para Bibliotecário do Museu Nacional (1915), com tese sobre a Classificação Decimal. Mais tarde, transferiu-se para a Biblioteca Central da Universidade do Brasil, onde serviu por mais de 20 anos. Exerceu a profissão de bibliotecário por 40 anos, é considerado o primeiro por concurso no Brasil.






Pelo carinho que dedicava aos livros, foi escolhido para  Patrono da Semana da Biblioteca, escolha esta oficializada pelo Decreto Federal nº 884, de abril de 1962.
Bastos Tigre foi um homem feliz e plenamente realizado. A Biblioteconomia foi realmente sua carreira profissional. Seu grande entusiasmo e confiança no poder do livro é expresso nesta sua frase: " Veículo de idéias que trouxe o passado até o presente,  levará o presente ao infinito dos tempos".
A partir de 1918, em todos os bondes lia-se o reclame escrito por Bastos Tigre:
"Veja ilustre passageiro,
O belo tipo faceiro
Que o senhor tem ao seu lado.
No entanto, acredite,
Quase morreu de bronquite,

Salvou-o o Rhum Creosotado"



VOZ INTERIOR
Quem sou eu? De onde venho e onde, acaso me leva
O destino fatal que os meus passos conduz?
Ora, sigo, a tatear, mergulhado na treva,
Ou tateio, indeciso, ofuscado de luz.
Grão, no campo da Vida, onde a morte se ceva?
Semente que apodrece e não se reproduz?
De onde vim? Da monera? Ou vim do beijo de Eva?
E aonde vou, gemendo, a sangrar os pés nus?
Nessa esfinge da Vida a verdade se esconde;
O espírito concentro e consulto a razão,
E uma voz interior, sincera, me responde:
- Quem és tu? Operário honesto da nação.
De onde é que vens? De casa. Onde estás? No bonde.
Para onde vais? Não ves? Para a repartição.


TROVAS
Saudade, palavra doce,
que traduz tanto amargor!
Saudade é como se fosse
espinho cheirando a flor.
** ** **
Aliança! Algema divina,
a mais doce das prisões;
uma prisão pequenina
que encerra dois corações.
** ** **
Quando Deus fez Portugal,
lá plantou com sua mão
na terra; vinha e trigal
e o fado no coração.
** ** **
Pela ponte lá da praia
vieste cá me visitar;
Deus queira que a ponte caia
quando quiseres voltar.
** ** **
Ama a tua arte. Por ela
faze o bem: ama e perdoa.
A bondade é sempre bela
e a beleza é sempre boa.
** ** **
Maldigo quem te ache feia,
quem te ache bela também.
Quero mal a quem te odeia
e odeio a quem te quer bem.
** ** **
Eu, versos os mais diversos
já fiz: muita gente os lê...
Mas a "poesia" há nos versos
que eu fiz pensando em você.


domingo, 13 de outubro de 2013

EUGÈNE EMILE PAUL GRINDEL


Eugène  Emile Paul Grindel 
( 1895 / 1952 )

Paul  Éluard (pseudônimo de Eugène Emile Paul Grindel) foi um poeta francês, nascido em Saint-Denis, hoje subúrbio ao norte de Paris.
 Autor de poemas contra o nazismo que circularam clandestinamente durante a 2ª Guerra Mundial, participou no movimento dadaísta, foi um dos pilares do surrealismo, abrindo caminho para uma ação artística mais engajada, até filiar-se ao partido comunista francês e tornou-se mundialmente conhecido como "O Poeta da Liberdade".
Aos 16 anos, Paul Eluard contraiu tuberculose, que o obrigou a interromper seus estudos. No Sanatório de Clavadel, na Suiça, teve o primeiro encontro com Manuel Bandeira. No Sanatório de Davos, conhece uma jovem russa, Helena Diakova, que ele apelidou de Gala. Os dois casaram-se durante a guerra, em 21 de fevereiro de 1917.
Sua impetuosidade, seu espírito decidido, sua cultura, impressionaram o jovem Paul, que encontra nela seu primeiro impulso de poesia amorosa, e tiveram uma filha, Cecile.
Viveram juntos até 1929, em seguida, Gala se casaria com o pintor espanhol Salvador Dali.
Embora o trabalho de Paul Éluard tenha tido várias fases, foram dezenas de títulos publicados entre 1913 e 1952, ano de sua morte. Tornou-se então conhecido principalmente por suas poesias surrealistas.
Conviveu com poetas, como André Breton e Louis Aragon e artistas plásticos, como Picasso, De Chirico, Dali, Margritte, Miró, Man Ray e Chagall.
Em 1918, quando a vitória é proclamada, Paul Éluard alia a plenitude de seu amor a um profundo questionamento do mundo: é o movimento Dadá que vai disparar esse processo, através do absurdo, da loucura, do non-sense. 
Sua obra é extensa. Com Benjamim Péret, escreve 152 poemas. Com André Breton, "No Defeito do Silêncio" e "Imaculada Concepção", com Breton e René Char, "Trabalhos". A partir de 1925, ele apóia a revolta dos Marroquinos. Em 1926, ingressa, junto a Aragon e Breton, no partido comunista francês. Nesta mesma época, publica "Capital da Dor" e "Amor e Poesia". Em 1928, novamente doente, volta para o Sanatório com Gala, onde ela reencontra Salvador Dali e ele conhece Nusch. 
Nos anos 40, durante a Resistência, lançou seu mais conhecido poema " Liberté ", publicado no livro Poésie et Varité (Poesia e Verdade), de 1942. No ano seguinte, aviões da Força Aérea Britânica lançaram milhares de cópias desse texto sobre Paris.
Os anos de 1931 a 1935, foram os mais felizes na vida de Éulad: Casado com Nusch, ela representou para ele a encarnação da mulher, companheira, cúmplice, sensual, sensivel e fiel.
Na Espanha, em 1936, Paul se insurge contra o movimento franquista. No ano seguinte, o bombardeio de Guernica o inspira a escrever o poema " A Vitória de Guernica ". Para que  o poema fosse impresso na Inglaterra, foi contrabandeado, desde a França ocupada, pelo pintor pernambucano Cícero Dias. A terceira convergência seria com Manuel Bandeira novamente, e Carlos Drummond de Andrade que traduziram "Liberté" a quatro mãos, ainda nos anos 40.

Retrato de Paul Eluard - Salvador Dali - Óleo sobre tela - 1942
Em novembro de 1952, paul Éluard morre do coração, em sua casa. Neste dia, segundo Robert Sabatier, "o mundo inteiro estava de luto".

QUEM DE NÓS INVENTOU O OUTRO?
Tua cabeleira de laranjas no vazio do mundo,
No vazio dos vitrais pesados de silêncio
E de sombra onde minhas mãos nuas buscam teus reflexos.
A forma do teu coração é quimérica
E teu amor se assemelha a meu desejo perdido.
Ó suspiros de âmbar, sonhos, olhares.
Mas tu não estiveste sempre comigo. Minha memória
Ainda está obscurecida por te-la visto chegar
E partir. O tempo se serve das palavras como o amor.
Fechei-me em meu amor, sonho.


NÃO MAIS PARTILHAR
Na noite de loucura, nú e claro,
O espaço entre as coisas possui a forma de minhas palavras,
A forma das palavras de um desconhecido,
De um vagabundo que desata a cintura de sua garganta
E pega os ecos pelo laço.
Entre árvores e barreiras,
Entre muros e mandíbulas,
Entre essa grande ave trêmula
E a colina que a oprime,
O espaço possui a forma de meus olhares.
Meus olhos são inúteis,
O reino do pó acabou,
A cabeleira da estrada pôs seu manto rígido,
Ela não foge mais, não me mexo mais,
Todas as pontes estão cortadas, o céu nelas não passará mais,
Posso então não ver mais nelas.
O mundo se destaca de meu universo
E, bem no cume das batalhas,
Quando a estação do sangue murcha em meu cérebro,
Distingo o dia dessa claridade de homem
Que é a minha,
Distingo a vertigem da liberdade,
A morte da embriaguês,
O sono do sonho. 
Ó reflexos sobre mim mesmo! Ó reflexos sangrentos! 
(Tradução: Eclair Antonio Almeida Filho)



 Fontes de Pesquisa:


Trabalho de Pesquisa Eliana Ellinger (Shir)

CHARLES CHAPLIN


Charles Chaplin
( 1889 - 1977 )
 
 
 
Charles Spencer Chaplin, nasceu em Londres em 16 de abril de 1889. Filho da atriz e cantora, Lili Harley e do músico Charles Spencer Charles Sr, começou a vida de artista aos cinco anos de idade, no teatro popular.
Ator, diretor, produtor, empresário, escritor, comediante, roteirista e músico britânico, Charles Chaplin foi uma das mais famosas personalidades do mundo artístico e literário.
Após a morte de seu pai que era alcoólatra e a internação de sua mãe, Chaplin conseguiu estabilizar-se financeiramente quando assinou contrato para atuar numa versão de Sherlock Holmes e logo após a trabalhar no Circo Casey, onde desenvolveu sua veia cômica. Em 1909, teve sua primeira temporada em Paris e em 1913, na Filadélfia, recebeu proposta da Keystone Comedy Film Company para filmar três filmes por semana, tendo como oferta salarial aceita de 150 dólares.
Chaplin iniciou sua carreira como mímico, fazendo excursões para apresentar sua arte . Em 1913, durante uma das viagens pelo mundo, este grande ator conheceu o cineaste Mack Sennett, em Nova York, que o contratou para estrelar seus filmes. Em 1918, no auge do sucesso, ele abriu sua própria empresa cinematográfica e, a partir daí, fazia seus roteiros e dirigia seus filmes. Crítico ferrenho da sociedade, ele não cansava de denunciar os grandes problemas sociais, tais como a miséria e desemprego.
Adepto ao cinema mudo, foi contra o surgimento do cinema sonora mas, como artista que era, logo se adaptou e voltou a produzir verdadeiras obras primas: O Grande Ditador e Luzes da Ribalta.
 


Por sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânicos (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d'Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dod estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da obra em 1972).
Charles Chaplin casou-se quatro vezes: Mildred Harris (1918-1920); Lita Grey (1924-1928); Paulette Goddart (191936-1942) e Oona O'Neil (1943-1977). Perseguido pelo macarthismo nos EUA, Charles foi viver em Corsier-sur-Varey, na Suiça, onde faleceu aos 88 anos de idade.
 
SORRIA
 
Sorria, embora seu coração esteja doendo,
Sorria, mesmo que ele esteja partido,
Quando há nuvens no céu
Você sobreviverá...
 
Se você apenas sorri,
Com seu medo de tristeza,
Sorria e talvez amanhã
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
se você apenas ilumine sua face de alegria.
 
Esconda todo rastro de tristeza
Embora uma lágrima possa estar tão próxima,
Este é o momento que você deve continuar tentando.
Sorria, para que serve o choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena,
se você apenas...
 
Se você sorri
Com seu medo de tristeza,
Sorria e talvez amanhã
Descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir...
 
Este é o momento para continuar tentando.
Sorria, prá que serve o choro?
Você descobrirá que a vida vale a pena
Se você apenas sorrir.


A VIDA ME ENSINOU
 
A vida me ensinou
A dizer adeus às pessoas que amo,
Sem tirá-las do meu coração.
 
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostrar-las que sou diferente do que elas pensam,
fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade,
para que eu possa acreditar que tudo vai mudar.
 
Calar-me para ouvir,
aprender com meus erros,
afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças,
sorrir quando o que mais desejo é gritar todas
as minha dores para o mundo,
A ser forte quando os que amo estão com problemas,
ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho.
 
Ouvir a todos que só precisam desabafar,
Amar aos que me machucaram ou querem fazer de mim
depósito de suas frustações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente,
Pois já precisei desse perdão.
Amar incondicionalmente,
Pois também preciso desse amor.
 
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que for necessário),
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar.
 
Me ensinou a ter olhos para "ver estrelas",
embora nem sempre consiga entende-las;
A ver o encanto do por-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba,
sempre lutando para preservar tudo o que é
importante para a felicidade do meu ser.
A abrir minhas janelas para o amor
e não temer o futuro.
 
Me ensinou e está me ensinado a aproveitar o presente,
como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um
diamante que eu mesmo tenha que lapidar,
lhe dando a forma da maneira que eu escolher.


FRASES:
 
* A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
 
* Não preciso me drogar para ser gênio; Não preciso ser um gênio para ser humano; Mas preciso do seu sorriso para ser feliz.
 
* Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém, apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é...Respeito.


Fontes de pesquisa:
 


Trabalho de Pesquisa: Eliana (Shir) 
 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

EDGAR ALLAN POE


EDGAR ALLAN POE
(1809 - 1849)
Edgar Allan Poe, poeta, crítico e contista, nasceu em Boston, representando uma tendência à parte do movimento geral do Romantismo nos EUA, pelo fantástico, pelo misterioso, pelo macabro. Cultivando esses temas, suas obras foram influentes no movimento romântico transplantado da Inglaterra para a América.
Sua vida foi marcada pelo sofrimento. Seus pais eram atores de teatro. Quando ainda criança, seu pai abandonou a família e Edgar não ouviu mais nada sobre ele. A mãe faleceu pouco tempo depois, vítima de tuberculose. Assim, ele e seus irmãos foram adotados por John Allan e sua esposa Francis, prósperos negociantes em Baltimore, onde Poe frequentou a escola primária.
Depois, estudou  na Inglaterra e, em seguida, na Universidade de Virginia (EUA), por um semestre, passando a maior parte do tempo entre bebidas e mulheres. Nesse período, teve uma séria discussão com seu pai adotivo e fugiu de casa para se alistar nas forças armadas, onde serviu durante dois anos antes de ser dispensado, depois de falhar como cadete em West Point. 
Sua carreira literária começou humildemente com a publicação de uma coleção anônima de poemas, Tamerlene and Others Poems (1827). Daí, passou a escrever para viver e se tornou editor de uma conceituada revista de Richmond: "O Mensageiro Literário do Sul". Este foi um período feliz na vida de Edgar. Casou-se com Virgínia Clemm, sua prima de 13 anos, e, pouco depois, perdeu o emprego, passou por dificuldades financeiras, a esposa adoeceu e, apesar de sua dedicação ao cuidar dela, veio a falecer de tuberculose. 
Edgar Allan Poe foi o mais romântico dos principais escritores americanos. Em suas obras, ele não se preocupava em abordar os problemas entre o bem e o mal, nem tampouco dar lições de comportamento. Ele acreditava que, se fosse capaz de criar a beleza e tocar a sensibilidade dos seus leitores, já era o bastante.



Os poemas mais famosos de Poe são "O Corvo" e "Os Sinos". Alguns críticos preferm "Para Helena" e "Annabel Lee". Poe acreditava que nada seria mais romântico que um poema sobre a morte de uma mulher bonita.
Muitas de suas de suas obras exploram a temática do sofrimento causado pela morte de um amante. Outra característica de suas poesias é a musicalidade, dando impressão de que o som é mais importante que o sentido.
Edgar Allan Poe é considerado o "criador" do conto policial, mas seu principal mérito está na habilidade com que montava suas histórias. Ele as planejava como um bom arquiteto planeja um edifício, envolvendo o leitor de tal maneira que o conduz "hipnoticamente" ao desfecho da história. Isso revela o dualismo de sua arte e personalidade: de um lado "visionário e idealista", mergulhado em poemas de tristeza, narrativas de horror e policiais.

                                       




Por outro lado, era um "artesão exigente", um escritor que se orgulhava de sua técnica e do romantismo com o qual criava seus escritos. É essa dualidade que o projeta como um dos mestres da literatura mundial.
 Edgar Allan Poe foi um homem de vida conturbada, dominado pelo vício do álcool e excesso de ópio.
Faleceu aos 40 anos de idade, em Baltimore, Maryland, nos Estados Unidos. As teorias sobre as causas de sua morte incluem suicídio, assassinato, cólera, sífilis e ter sido capturado por agentes eleitoriais que o teriam forçado a beber para faze-lo votar e o abandonaram, já profundamente embriagado.

ALONE / SÓ
Desde a infância eu tenho sido
Diferente d'outros, tenho visto
D'outro modo, as minhas paixões
Tinham uma outra fonte e
Minhas mágoas outra origem
No mesmo mesmo tom não despertava
O meu coração para a alegria
O que amei, eu amei só.
Então, na infância, a aurora
Da vida atormentada, estava
Em cada nicho de bem e mal.
O mistério que me prendia,
Da correnteza, da fonte,
Das escarpas rubras do monte,
Do sol que me rodeava,
Em pleno outono dourado,
Do relâmpago nos céus
Quando sobre mim passava,
Do trovão, da toementa
E a nuvem tem a forma
(Quando o resto do céu é azul)
D'um demônio nos meus olhos.


Fontes de pesquisa:

Trabalho de Pesquisa Eliana Ellinger (Shir)

NATÉRCIA FREIRE



NATÉRCIA FREIRE
(1919 - 2004)
 
 
Natércia Freire, foi contista, jornalista e mulher solitária. Escritora durante os anos em que o Estado Novo queria a mulher dentro de casa. Isolada pela Revolução de Abril, Natércia acabou caindo num silêncio imerecido. Deixa um legado poético que merece ser (re)descoberto.
Nasceu em Belvedere, no Ribatejo, e ainda criança mudou-se com a família para Lisboa. Começa dedidando-se à música, mas a poesia era-lhe a maior tentação. Terminou o liceu em 1932 e quatro anos mais tarde conheceu José Isidro dos Santos, com quem se casou.
O ano de 1938 marcou sua estréia na poesia, com a publicação de " Castelos de Sonho", seguindo-se "Meu Caminho de Luz", muito bem recebido pelo público e pela crítica.
Em 1940 inicia sua colaboração na Emissora Nacional, com palestras mensais. No início da década, talvez a mais pesada do consulado de Salazar, lança "Estátua" e "Horizonte Fechado", também muito aclamados. Natércia ingressava assim no meio poético, sendo íntima de alguns dos nomes mais destacados da poesia de então, como Carlos Queiroz, Cecília Meireles e Egipto Gonçalves.
 



Nos anos seguintes, a sua obra começa a ser reconhecida e a ganhar prêmios. Natércia Freire vence por duas vezes o Prêmio Antero de Quental, com "Rio Infindável" e "Anel de Sete Pedras", publicados em 1947 e 1952, respectivamente. Segue-se a entrada para o Diário de Notícias, a convite do Diretor Augusto Castro, pró-regime. Dirigiu a seção Artes e Letras do periódico, da qual saiu em 1974.



Deposto o Estado Novo, Natércia é afastada da Emissora Nacional e acaba por deixar, por sua iniciativa, o Diário Nacional. A escritora e jornalista inicia assim um processo de isolamento social, profissional e pessoal que se manteve até ao fim de sua vida.
Mas não deixou de publicar e colaborar com algumas publicações, como "O Tempo ou O Século". Em 1974 fratura a bacia num acidente e passa um ano acamada, depois de um período de quase-coma.
No início da década de 90 foi publicado o primeiro volume de sua "Obra Poética", prefaciado por seu amigo,  David Mourão-Ferreira.
Até ao final da sua vida publicou algumas antologias poéticas e foi alvo de várias homenagens.  Morre aos 85 anos, do mesmo modo discreto por que pautou os últimos anos da sua existência, deixando uma obra sobre a qual o seu desaparecimento venha talvez fazer incidir alguma atenção.

VISITA
 
Visito os amigos mortos,
Pensando que indo, estão vivos.
Entre a penumbra dos quadros
Andam eles sem sorrisos.
Pronuncio a frase antiga
E dou comigo sozinha.
Oiço então o dia exacto
Da estridente campainha.
Volto a casa, fecho o som
Por dentro da persiana.
E então os retratos andam,
A volta da minha cama.
 
** ** **
 
O BAILE
 
Névoa em surdina
A sombra que acompanha
As finas pernas a dançar na tarde.
Jogo de jovens corpos,
Música de montanha,
Num tempo teu e meu
De eternidade.
E eu, as duas estranhas.
 
Olha quem toca o ponto
Que há no fim!
Ao fim de mim,
No ponto para que vim.
Vulto de agulha
Em fumo de água e lenha.
 
Eu, as duas estranhas.
 
É sempre pelos outros que falamos.
Eu, as duas estranhas, por mim falam.
Em estranhas como os ramos
oscilamos. E vamos
Convergentes, dispersas, disparadas
Do caos ao sol
Em gradações de escadas.
 
Ouve-se às vezes uma voz: - Presente!
E já no corpo as almas vão tocadas.
 
Foi em concretos dias de sol posto,
Em fábricas de fios de uma aranha,
Que se teceram
Em finíssimas teias de desgosto,
(Eu) as duas estranhas.


Fontes de Pesquisa:
 

Trabalho de Pesquisa: Eliana Ellinger (Shir)