Este blog tem por finalidade, homenagear consagrados poetas e escritores e, os notáveis poetas da internet.
A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









domingo, 21 de dezembro de 2014

Feliz Ano Novo


O Clube de Poetas deseja a todos os amigos, 
leitores, seguidores um
Feliz Ano novo.
Agradecemos o carinho e incentivo de todos, até 2015.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

JOSÉ GODOY GARCIA



JOSÉ GODOY GARCIA
(1918 - 2001)
 
 
José Godoy Garcia, filho de Pedro Garcia de Freitas e Aladina Godoy Garcia, nasceu em Jataí, Goiás. Órfão ainda na infância, foi criado, com os outros cinco irmãos, pela avó Maria Rita Guimarães. 
Estudou as primeiras letras com o professor Nestório Ribeiro  em sua cidade natal, depois em Uberlândia (MG), Cidade de Goiás (GO) e Goiânia (GO), onde concluiu o Clássico e o curso de Direito (1948). Teve diversos empregos antes de se formar em Direito, tais como de garçom, lanterninha de cinema, agente de polícia e de publicidade.
Nesta fase, ou um pouco depois, teria convivido com o Príncipe da Poesia Goiana e Introdutor da Corrente Modernista na Poesia de Goiás, Cyllenêo (Leo Lynce).
Passou três anos no Rio de Janeiro (de 1937 até início de 1941), onde manteve contato com modernistas, principalmente Lúcio Cardoso, Rubem Braga e Solano Trindade.

Participou, como assessor jurídico, da Comissão Goiana para Mudança da Capital Federal, presidida por Altamiro de Moura Pacheco e criada pelo governador José Ludovico de Almeida.




Marxista por convicção, militante da esquerda pelo Partido Comunista, poeta realista de uma naturalidade exuberante. Seu primeiro livro de poemas, Rio do Sono, publicado em 1937, é detentor do Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos.
Seguiram-se, Caminho de Trombas, 1966, Araguaia Mansidão (1972), Aqui é a Terra (1980), Entre Hinos e Bandeiras (1985), Os Morcegos (1987), Os Dinossauros dos Sete Mares (1988), Florismundo Periquito (1990), contos, novelas, que ele revisava na ocasião de sua morte com o fito de dar continuidade à publicação das obras completas; O Flautista e o Mundo Sol Verde e Vermelho (1994), Aprendiz de Feiticeiro (1997). Para ele, a poesia é tudo que o pássaro pensa da chuva.



 Três anos antes de seu falecimento, auxiliado pelos amigos Herondes Cezar e Salomão de Sousa, organizou e publicou , em 1999, o livro Poesia que ele considerava o compêndio definitivo de sua produção poética.



ESTIVE PENSANDO HOJE DE MANHàEstive pensando hoje de manhã,que fino trabalho fez o céu?Para amanhecer com cara de romã?Estive pensando hoje de manhã,onde será que nascem os ventos?Para viverem assim de déu em déu?Que nuvem é como pensamento,sai andando sem poder parar.Estive pensando hoje de manhã,que tudo na terra vive amando:mar, nuvem, vento, idéia, romã.

SER O CORPO DE UMA NUVEM 1.Ser o corpo de uma nuvemé o memso que mulher andar na tarde,é a estrada estar para ser usada,é a mulher como uma vaca vista pelogrande touro vingador- nuvem imóvel andando semoventena acrista do azul da tarde. 2.Uma nuvem é a aperente indeferençadas coisas do mundo pela sua dore quando ela passa a mãe e nem o negroa viram - andavam em si mesmos levandoandavam com suas vidas levandoa dor e as alegrias;a moça que olhava a estrada tinha ferido seu ventrefazia quatro noites;o velho Miquéiascosturou sua língua para não falar o que sabiadiante dos abrutres que o ouviam. 3.Uma nuvem é o comodismo dos animais.É a pedra que aparentemente não clama nem ajuda.É a montanha que presa à sua solidãonada ve do homem, é cheia de solidariedade, mutante.Uma nuvem é a solidão de cada um;um trecho da infância de cada um. ** ** ** Eliana (Shir) Ellinger Fontes de pesquisa:www.pt.wikipedia.orgwww.antoniomiranda.com.br 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

ELIZABETH BARRET BROWNING


ELIZABETH BARRET BROWNING
( 1806 - 1861 )
 
 
 
 
Poetisa inglesa, Elizabeth Barret Browning nasceu a 6 de março de 1806 em Coxhoe, Durham. Filha de um homem abastado, enriquecido principalmente às custas de plantações na Jamaica, cresceu na parte ocidental da Inglaterra e foi educada em cada por um precetor. Aprendeu latim e grego com celebridade, tendo-se tornado uma leitora voraz.
Aos catorze anos organizou a sua primeira coletânea de poemas, The Battle Of Marathon (1820) e logo após foi vítima de um acidente equestre, que causou-lhe mazelas incuráveis na coluna vertebral, pelo que consumiu morfina contra as dores durante o resto de sua vida.




Continuou depois com An Essay On Mind, publicado às expensas de seu pai em 1826,
e uma tradução de Ésquilos, Prometheus Bound e em 1833, Prometeu Agrilhoado.
Em 1832, a família mudou-se para Sidmouth e, três anos depois, em Londres, onde a poetisa começou a colaborar para a imprensa.
Em 1838, publicou The Serafim, And Others Poems, obra que chamou a atenção do público. Neste mesmo ano foi enviada para Torquay, em convalescença de um derrame, na companhia do irmão. Este morreu afogado e Elizabeth ganhou um medo quase mórbido de estar na companhia de pessoas. Dedicou-se portanto inteiramente à leitura.





Em 1844, com a publicação de Poems, obteve grande popularidade e foi elogiada por Edgar Alan Poe, entre outros. Chegou-se a referir o seu nome como sucessora de Wordsworth como Poeta da Corte Britânica.

Aos 39 anos, deu início a uma correspondência com o poeta Robert Browning, seis anos mais novo, que conhecia toda sua obra. O namoro foi mantido em segredo de seu pai
que havia terminantemente proibido os seus doze filhos e filhas de se casarem.
No ano seguinte, Elizabeth fugiu da alçada do pai e, em setembro de 1846, casou com Robert Browning e viajou com ele para a Itália, onde se fixou na cidade de Florença,
até o fim da vida.




 Na maturidade, Elizabeth começou a interessar-se pela causa da independência italiana
e tornou-se apoiante do movimento de unificação italiana e opos-se à escravatura. Em 1857, publicou Aurora Legh, um romance escrito em prosa poética, lida como o papel da mulher na sociedade e com as responsabilidades morais dos poetas.
Elizabeth Browning faleceu a 29 de junho de 1861, em Florença, nos braços do seu marido.
Entre seus poemas mais conhecidos, destacam-se Sonnets From The Portuguese (1850), que se referem possivelmente à obra de Luis Vaz de Camões.


SONETO XIV
 
Ama-me por amor do amor somente
Não digas : Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente.
 
Minh'alma em comunhão constantemente
Com a sua. Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.
 
Nem me ames pelo pranto que a bondade
De tuas mãos enxuga, pois se em mim
Secar, por teu conforto, esta vontade.
 
De chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
Mais hás de querer por toda a eternidade.
 
(Tradução: Manuel Bandeira)
 
 
** ** **
 
SONETO XXVIII
 
As minhas cartas! Todas elas frio,
Mudo e morto papel! No entanto agora
Lendo-as, entre as mãos trêmulas o fio
da vida eis que retomo hora por hora.
 
Nesta queria ver-me - era no estio -
Como amiga a seu lado...Nesta implora
Vir e as mãos me tomar...Tão simples! Li-o
E chorei. Nesta diz quanto me adora.
 
Nesta confiou: sou teu, e empalidece
A tinta no papel, tanto o apertava
Ao meu peito que todo inda estremece!
 
Mas uma...Ó meu amor, o que me disse
Não digo. Que bem mal me aproveitara,
Se o que então me disseste eu repetisse...
 
(Tradução: Manuel Bandeira)
 


SONETO
 
Parte: não a sombra. Por distante
Que te vás, em meu peito, a cada instante,
Juntos dois corações batem iguais.
 
Não ficarei mais só. Nem nunca mais
Dona de mim, a mão, quando a levante,
Deixará de sentir o toque amante
Da tua - ao que fugi. Parte: não sais!
 
Como o vinho, que às uvas donde flui
Deve saber, é quando faço e quanto
Sonho, que assim também todo te inclui.
 
A ti, amor! minha outra vida, pois
Quando oro a Deus, teu nome ele ouve e o pranto
Em meus olhos são lágrimas de dois.
 
(Tradução: Alexandre Herculano de Carvalho)
 
 
** ** **
 


Fontes de Pesquisa:



Eliana (Shir) Ellinger


AFFONSO CELSO DE ASSIS FIGUEIREDO JÚNIOR


AFFONSO CELSO
(1860 - 1938)
 
Affonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, titulado Conde de Afonso Celso pela Santa Sé, mais conhecido simplesmente como Affonso Celso, é um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras. Filho do Visconde de Ouro Preto, último presidente do Conselho de Ministros do Império, e de D. Francisca de Paula Martins Toledo, esta filha do Conselheiro Joaquim Floriano de Toledo, coronel da Guarda Nacional, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais em 31 de março de 1860 e veio a falecer no Rio de janeiro a 11 de julho de 1938.
Aos 15 anos de idade, publicou Os Prelúdios , reunindo uma pequena coleção de poesias de conteúdo romântico. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo na qual colou grau em 1880. Defendeu na ocasião, a tese "Direito da Revolução".
Em 1884, casou-se com D. Eugênia da Costa e foi levado à condição de Conde Romano em 1905. Curiosamente, Afonso Celso é trisavô de Dinho Ouro Preto, vocalista da banda brasileira de rock, Capital Inicial.
Ingressando nas lides políticas, foi eleito quatro vezes deputado geral por Minas Gerais. Na Assembléia Geral exerceu as funções de 1º Secretário. Com a proclamação da República, em 1889, abandonou a política e acompanhou o pai no exílio, que se seguiu à partida da família imperial para Portugal. Coube-lhe a delicada tarefa de defender o pai no início da implantação do regime republicano.
Dedicou-se ao magistério e ao jornalismo, tendo colaborado durante mais de 30 anos no Jornal do Brasil. Outros órgãos de imprensa, como A Tribuna Liberal, A Semana, Renascença, Correio da Manhã e o Almanaque Ganier, divulgaram muitos de seus artigos.
Ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1892, na qualidade de sócio efetivo, posteriormente foi elevado a Honorário, em 1913 e a Grande Benemérito em 1917. Com a morte do Barão do Rio Branco, em 1912, Affonso Celso foi eleito Presidente Perpétuo dessa instituição (1912/1938).
De sua vasta obra, merecem especial destaque os seguintes livros: Oito Anos de Parlamento, Trovas, Porque me Ufano de Meu País - título que gerou críticas e elogios e a popularidade da expressão "ufanismo" - Segredo Conjugal, O Imperador no Exílio, O Assassinato do Coronel Gentil de Castro, Um Enjeitado, Rimas de Outrora,  Vultos e Fatos, Lupe e Giovanina Minha filha
 


Affonso Celso participou das atividades da Academia Brasileira de Letras, como um dos membros fundadores, tendo como patrono - na cadeira nº 36 - o poeta Teófilo Dias de Mesquita, filho de Gonçalves Dias.


No magistério também manteve atuação destacada, tendo exercido a Cátedra de Economia Política na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, da qual foi diretor por alguns anos e reitor da Universidade do Rio de Janeiro.
A última visita de Affonso Celso à Academia Brasileira de Letras ocorreu na sessão de 07 de julho de 1939, quatro dias antes de seu falecimento. 



TROVAS
 
CCXIII
 
Nunca o teu corpo acostumes
Ao que de necessidade
Lhe ser estricta não vês.
Os vícios não lhe avolumes,
Porque é grave enfermidade
Cada vício que lhe dês.
 
***
 
CCXIV
 
Eu dizia não ter senso
Quem no amor inda confia;
E acabei affecto immenso
Dando a quem não merecia.
 
***
 
CCXV
 
Não zombes da cobardia
Deste peito a ti votado
Que tanto mais te aprecia
Quanto mais menosprezado.
 
***
 
CCXVI
 
Não me creias fugidio
Que sempre te hei de buscar,
Como a água busca o rio,
Como o rio busca o mar.
 
***
 
CCXVII
Meu coração imprudente,
Quem é que tinha razão?
Eu te dizendo: "ella mente!"
Ou tu contestando: "não!"
 
***
 
CCXVIII
 
Do amor na escola indo aprendo,
Sou principiante;
Lições estou recebendo
Da minha amante.
Mas o alumno é tão ladino,
Tanto se adextra,
Que já não aceita ensino,
Fornece à mestra.
 
***
 
CCXIX
Faceira, entre as mais faceiras,
Toma sentido,
As horas correm ligeiras;
Talvez te seja impedido
Recuperar quando queiras,
Tamanho tempo perdido.



Eliana (Shir) Ellinger

LUIZ MANZOLILLO



LUIZ MANZOLILLO
(1930 - 2007)
 
O escritor Luiz (José Henrique Scala) Manzolillo, nasceu na cidade do Rio de Janeiro aos 26 de junho de 1930 e faleceu em Brasília aos 28 de março de 2007. Era filho do comerciante Antônio Manzolillo e da renomada artista plástica Paola Scala Manzolillo.
Luiz Manzalillo foi o primeiro presidente do PSB no Distrito Federal, tendo sido o principal incentivador da carreira política do deputado Rodrigo Rollemberg. Outro político de sua relação de amizade foi Sebastião Abreu, antigo companheiro de militância. Dentre seus amigos escritores, contava sempre com as presenças marcantes dos poetas João Carlos Taveira, José Santiago Naud e Newton Rossi. Em todas as carreiras que desenvolveu, no Banco Central, nos esportes, no jornalismo e na política, Manzolillo era figura popular.
Escreveu 22 livros, que vão do ensaio ao romance, passando pelo conto, pela novela e pela poesia. Dentre eles, destacam-se Pão de Barro, Cultura - Um Salto na Era Cibernética, Sonetos de Outono e  A Barca de Ceres (Prêmio Afonso Arinos de Literatura da Academia Brasileira de Letras, em 1991).




Em 2006, Monzilillo perdeu seu único filho homem, Mássimo Manzolillo, conhecido jornalista em Brasília e também cronista do Jornal do Brasil. A morte prematura do filho abalou profundamente o seu ânimo e contribuiu sensivelmente para o enfraquecimento de sua saúde, pois já havia sofrido um infarto do qual se recuperava.
"Manzolillo era um escritor fecundo e, em matéria de política, perseguia com alegria a utopia do socialismo" - Sebastião Abreu
"Luiz Manzolillo era, em síntese, um ser ecumênico que transbordava otimismo na lavratura das palavras. A literatura para ele era como o ar que respiramos" - João Carlos Taveira.
"Sinceramente reconhecido a Luiz Manzolillo por ve-lo exercer a arte como serviço e usar a inteligência como instrumento de beleza, multiplicação da liberdade e fundação do homem solidário" - Santiago Naud
"Luiz Manzolillo é um escritor multímodo. Estreou com um ensaio sobre a estrutura do futebol brasileiro, que incluia prpostas de nova organização e novas regras" - Anderson Braga Horta.
 


TIMIDEZ
 
Memória de um passado revolvido,
Relembro fugazmente o amor tão caro,
Tão viçoso, tão cândido, tão raro,
Em seus transportes, que hoje só bendigo
A inspiração veraz das rimas claras,
Que a insopitada timidez, ferida,
Perpetua no incógnito jazigo
Do coração patético, no avaro
Arquivo imemorial da noite insone,
Povoada de angústia e de esperança,
Penares loucos, raios de um ciclone,
Tormentoso ciclone, amor perdido,
Deixando sulcos de desesperança,
Mas o consolo real - te-lo vivido.
 
** ** **
 
ESQUECIDO SONETO
 
Ó minha mãe, perdoa-me, se um dia
Teus olhos claros marejei de pranto,
Irreverente, resurando o encanto
Do rosto transtornado em agonia!
 
Em verdade, soubesse que feria,
No meu adolescente vezo, tanto,
As mágoas que causei, o desencanto,
Em dádivas de amor transformaria.
 
Modelo és sempre o meu de exaltação;
A tua luta, alfombra acolhedora,
A arte que pintaste, inspiração!
 
Se a vida é traço forte debuxado,
Debuxos teus serão, por certo, os louros
Que colherei em versos e baladas.
 


Fontes de Pesquisa:


Eliana (Shir) Ellinger

sábado, 2 de agosto de 2014

ABGAR RENAULT


ABGAR RENAULT
(1901 - 1995)
 
 
Abgar de Castro Araújo Renault foi um professor, educador, político, poeta, ensaista e tradutor brasileiro. Ocupou a cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras e a cadeira 3 da Academia Brasileira de Filologia.
Filho de Leon Renault e de Maria José de Castro Araújo Renault, casou-se com D. Ignez Caldeira Brant Renault, com quem teve três filhos, Caio Márcio, Carlos Alberto e Luiz Roberto e deles três netos, Caio Mário, Abgar e Flávio, e uma bisneta, Ignez.
Sua formação escolar foi em Belo Horizonte, onde começou a exercer o magistério. Foi professor no Ginásio Mineiro de Belo Horizonte e na Universidade Federal de Minas Gerais.
Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro e deu aulas no Colégio Pedro II e na Universidade do Distrito Federal.
Foi eleito deputado estadual por Minas Gerais e exerceu o cargo de direção do Colégio Universitário da Universidade do Brasil e no Departamento Nacional de Educação.
Foi ainda secretário da Educação do Estado de Minas Gerais em dois governos, quando se notabilizou por incentivar o ensino no meio rural. Foi também Ministro de Educação e Cultura no governo de Nereu Ramos e ministro no Tribunal de Contas da União e dirigiu o Centro Regional de Pesquisas Educacionais João Pinheiro em Belo Horizonte.
No período de 1956 a 1959, foi membro da Comissão Internacional do Curriculum Secundário da Unesco. Em 1963 atuou como consultor da Unesco na conferência sobre Necessidades Educacionais da África em Adid Abeba.


Abgar Renault representou o Brasil em numerosas conferências sobre educação, em Londres, Genebra, Paris, Teerã, Belgrado e Santiago do Chile. Por várias vezes foi eleito membro da Redação Final dos documentos dessas reuniões.
Como professor, sempre ligado à educação e preocupar-se com a língua protuguesa, de que foi um conhecedor exímio e representante fiel, foi nomeado Professor Emérito da Universidade Federal de Minas Gerais.


Abgar Renault registrou todos os seus estudos e reflexões em A Palavra e a Ação (1952) e em Missões da Universidade (1955). Além do que, foi grande poeta fazendo parte do grupo surrealista moderno e partipou do movimento modernista de Minas Gerais, sempre com dedicação à literatura contemporânea. Apesar de ter sua obra associada ao Modernismo, escrevia uma poesia original, não ligada a nenhuma escola poética. Suas poesias tem sido incluidas em antologias no Brasil e exterior.
Em 31 de dezembro de 1995, Abgar Renault faleceu no Rio de Janeiro, aos 94 anos de idade.
ALEGORIA
 
Em vão busco acender um diálogo contigo:
a alma sem tom da tua boca de água e vento
despede cinza, névoa e tempo no que digo,
devolve ao chão o meu mais longo pensamento.
 
E entre cactos estira esse deserto ambíguo
que vem da tua altura ao vale onde me ausento,
procurando o teu verbo. O silêncio, investigo-o
e ouço o naufrágio, o vácuo e o desaparecimento.
 
Sonho: desces a mim de um céu de algas e rosas,
falas às minhas mãos vozes vertiginosas
e palavras de flor no teu cabelo enastro.
 
Desperto: pairas ainda em silêncio e infinita:
meu ser horizontal chora treva e medita
tua distância, teu fulgor, teu ritmo de astro.
 
******
 
ENCANTAMENTO
 
Ante o deslumbramento do teu vulto
sou ferido de atônita surpresa
e vejo que uma auréola de beleza
dissolve em lua a treva em que me oculto.
 
Estás em cada reza do meu culto,
sonhas na minha lânguida tristeza
e, disperso por toda natureza,
paira o deslumbramento do teu vulto.
 
É tua vida a minha própria vida,
e trago em mim tua alma adormecida...
Mas, num mistério surdo que me assombra.
 
Tu és, às minhas mãos, fluida, fugace,
como um sonho que nunca se sonhasse
ou como a sombra vã de uma outra sombra.
 
******
 
SONETO IMPOSSÍVEL
 
Não ouvirás nem luz, nem sombra inquieta
das sílabas que beijam tuas asas,
nem  a curva em que morre a ardente seta,
nem tanta eternidade em horas rasas.
 
Não medirás a bêbeda aorola
que abriste no final do meu sorriso,
nem tocarás o mel que canta e rola
na insônia sem estradas onde piso.
 
Não saberás o céu construido a fogo,
que tua jovem chave cerra e empena,
nem os braços de espuma em que me afogo.
 
Não verão os teus olhos quotidiana
a minha morte de homem embebida
no flanco de ouro e luar da tua vida.
 

Fontes de pesquisa:
 


Eliana Ellinger (Shir)
 

GEIR NUFFER CAMPOS


GEIR NUFFER CAMPOS
(1924 - 1999)
 
 
Geir Nuffer Campos, poeta, escritor, jornalista, contista e tradutor, nasceu em São José do Calçado. Filho de Getúlio Campos, dentista, e Nair Nuffer, professora, viveu parte de sua infância em Campos (RJ) e a partir de 1941, passou a residir em Niterói. Estudou no Colégio Pedro II e  Colégio Plínio Leite.
Em 1951, casou-se com Alcina Lima Campos e deste casamento vieram dois filhos: Carlos Augusto Campos e Mauro Campos.
Tripulou navios mercantes do Loyd Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), advindo daí sua condição de ex-combatente.
Como poeta, estreou em 1950 com "Rosa dos Rumos", após ter publicado em jornais e revistas, especialmente no Diário Carioca, vários poemas e traduções.

    



Fundou em 1951, junto a Thiago de Mello, as Edições Hipocampo, com a publicação de vinte livros de poesia e prosa, dos autores mais representativos da literatura brasileira e também de alguns estreantes como Paulo Mendes Campos, entre outros; nesta coleção, apareceu em janeiro de 1952, "Arquipélago", seu segundo livro de versos.
Geir Campos foi também professor ginasial no Colégio Plínio Leite e no Colégio Figueiredo Costa, ambos em Niterói, professor universitário na Escola de Comunicação da UFRJ, onde em 1980 fez-se Mestre em Comunicação, com um trabalho publiacado sobre Tradução e Ruido na comunicação teatral.
Começou, em agosto de 1954 a trabalhar como radialista, produzindo e apresentando na Rádio Ministério da Educação, um programa semanal de meia hora, "Poesia Viva" e diversos programas literários.
Geir é o autor da letra do Hino de Brasília, cuja música é da professora Neuza Pinho França Almeida. Foi membro fundador do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro e da Associação Brasileira de Tradutores, da qual foi presidente, lutando pela coinscientização dos que traduzem profissionalmente no Brasil e pela regulamentação dessa profissão.
Destacou-se como ativista cultural de grande influência e presença na literatura brasileira, tornando-se grande representante capixaba da "Geração de 45".
Geir Campos é considerado um dos poucos poetas brasileiros a comporem uma coroa de sonetos.


 TAREFA
 
Morder o fruto amargo não é cuspir
mas avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir o trato injusto e não falhar
mas avisar aos outros o quanto é injusto,
sofrer o esquema falso e não ceder
mas avisar aos outros o quanto é falso,
dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
- do amargo e injusto e falso por mudar -
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.
 
** ** **
 
VIGILIA 
 
Não, meu amigo, não precisas ter
nenhum cuidado: havendo o que cuidar,
cuidarei eu constantemente a te poupar
coisas que vão teu coito arrefecer.
 
Coitado de quem deixa a noite ser
vinda fora de tempo e lugar
sombreando as alturas do prazer
com rasteiras tribulações do lar.
 
Antes que venha a noite, vai o dia
mostrando os horizontes de alegria
que tem a partilhar no corpo dela:
 
São costas, são gargantas, são colinas
- toda uma geografia em que te empinas -
enquanto pelo teu amor vela.
 
** ** **
 
POÉTICA
 
Eu quisera ser claro de tal forma
que ao dizer
          - rosa!
todos soubessem o que haviam de pensar.
 
Mais: quisera ser claro de tal forma
que ao dizer
     - já!
todos soubessem o que haviam de fazer.



Eliana Ellinger (Shir)