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A todos nosso carinho e admiração.

Clube de Poetas









sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

BERNARDINO DA COSTA LOPES


BERNARDINO LOPES
(1859 - 1916)
O poeta mulato Bernardino da Costa Lopes, nasceu no arraial de Boa Esperança (Rio Bonito), Província do Rio de Janeiro, antes do fim da escravidão, mas como filho de pais livres e membros da classe média pobre: o pai, Antônio Costa Alves, era escrivão e sua mãe, Mariana, costureira, obteve aceitação literária na sociedade devido principalmente a suas poesias.
B. Lopes foi um dos fundadores da Folha Popular (1891), onde foi lançado o primeiro manifesto ao Simbolismo no Brasil. Chegou a gozar de certo prestígio na época, inclusive a prefaciar o primeiro livro de versos (Anforas) de Jonas da Silva e teve epígonos que o imitaram, influenciados principalmente através de volume Cromos em várias partes do país.
Bernardino era amigo pessoal de Olavo Bilac e se encontravam na casa da Princesa Isabel, onde conheceu Cleta Vitória de Macedo, com quem veio a casar e teve cinco filhos, todos homens.
Casado, desorganizou sua vida por motivos de ordem sentimental e entregou-se ao álcool. Foi ridicularizado no fim da vida por conta de um soneto infeliz, de louvor ao Marechal Hermes da Fonseca.
Conhecido por B. Lopes, fazia parte da boemia intelectual e sua poesia recolhe diferentes tendências da passagem do século XIX ao XX. Da primeira etapa, vista como parnasiana, é "Cromos" (1881), com o qual obteve reconhecimento nacional.
Seus "Cromos" representam - segundo Alfredo Bosi - "uma linha rara entre nós: a poesia das coisas domésticas, os rítmos do cotidiano".
Junto com Cruz e Souza, Emiliano Perneta e Oscar Rosas, Bernardino Lopes formou o primeiro grupo de simbolistas brasileiros. Desse novo período, fazem parte "Brasões" (1895) e "Val delírios" (1900), entre outros.



B. Lopes viveu os esplendores das duas correntes literárias com as obras poéticas: Cromos (1881), Pizzicatos (1886), Dona Carmen (1894), Brasões (1895), Sinhá Flor (1899), Val delírios (1900), Helenos (1901) Patriarca (1904) e Plumário (1905).
Em 1906, B. Lopes morre de tuberculose. A hibridez de suas poesias, parnasianas e simbolistas, continuam a merecer novos leitores.

PER PURA
Clara manhã, rutilante
Ascende o sol no horizonte;
Corre uma aragem fragrante
Por vale, planície e monte,
Trazendo nas finas asas
Um lindo som de cantigas.
De cima daquelas casas,
Casinhas brancas e amigas,
Sobem fumos azulados
E há pombos pelos telhados.
Cresce o rumor das cantigas...
Surge um farrancho de gente
Alegre, farta e contente,
De samburás e de gigas.
Andam colhendo espigas
Do milharal pardo e seco;
É dali que vem o eco
De tão bonitas cantigas...
Cantai, cantai, raparigas!
** ** **
QUANDO EU MORRER
Quando eu morrer em véspera tranquila,
Num por-do-sol de goivos e saudade,
Da velha igreja, que a Madona asila,
O sino grande a soluçar Trindade;
Quando o tufão do mar que me aniquila
soprar minh'alma para a Eternidade,
Todas as flores dos jardins da vila,
Certo, eu terei da tua caridade.
E, já na sombra amiga do cipreste,
Há de haver uma lágrima piedosa,
A edência gota, a pérola celeste,
Para quem desfolhou, temo, e as mãos cheias,
O lírio, o bogari, o cravo e a rosa,
Pelas estradas brancas das aldeias.

 Tranalho de Pesquisa: Eliana (Shir) Ellinger

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